Da abelha rainha à escultura social: a alquimia artística de Joseph Beuys | David Adams


David Adams [1]

Tradução: Maria Clarissa Spindola Mendes, João Lacerda Pomilio,

Lívia da Costa Quezado Ribeiro e Mariana Vilela

 

Da abelha rainha à escultura social: a alquimia artística de Joseph Beuys [2]

 

Alguns leitores pegarão este livro[3] [Abelhas: apicultura a partir do respeito pela vida] por interesse no sistema biodinâmico de agricultura de Rudolf Steiner, na esperança de aprofundar sua compreensão da vida das abelhas ou do papel que a apicultura pode desempenhar no organismo de uma fazenda ou outro empreendimento agrícola. Outros leitores podem vir em busca de aprofundar sua compreensão de uma abordagem antroposófica da biologia ou da ecologia, especificamente da entomologia. Outros ainda buscarão essas palestras para descobrir como a abordagem de Steiner sobre a vida das abelhas e insetos sociais semelhantes se relaciona com outros temas da antroposofia, tal como a constituição trimembrada do ser humano e de uma ordem social ideal.

 

Mas um número crescente de leitores irá explorar essas páginas com pouco ou nenhum histórico dos elaborados e abrangentes pensamentos e escritos de Rudolf Steiner. Eles se interessam sobretudo pela influência que a leitura dessas palestras teve sobre as criações únicas do artista alemão Joseph Beuys (1921-1986). É para esses leitores que esta introdução está endereçada, principalmente.

 

Entre as décadas de 1960 e 1980, as inovadoras esculturas, desenhos, instalações e performances artísticas do artista alemão Joseph Beuys foram frequentemente valorizados como a expressão mais significativa da arte de vanguarda na Europa do pós-guerra. Com seu conhecido chapéu de feltro e colete de munição de força aérea, Beuys tornou-se uma figura cultuada. Desde a sua morte em 1986, o interesse de críticos de arte e artistas nos quarenta anos de trabalho de Beuys disparou. Através de suas obras de arte impressionantes, mas enigmáticas, bem como de seu ensino extensivo, Beuys influenciou duas gerações de artistas contemporâneos, particularmente através de seus muitos alunos na Alemanha. Além do mundo da arte, Beuys também desempenhou um papel na política europeia, na educação superior, no ambientalismo e na reforma social.

 

(Leia o artigo completo em PDF).

 

Recebido em: 20/03/2021

Aceito em: 15/04/2021

 

[1] David Adams, Ph.D. vive na Califórnia, ensinou História da arte em universidades, escolas de arte e faculdades americanas por 30 anos e agora está aposentado. Trabalhou em escolas Waldorf por 9 anos, no ensino e na administração. É membro do Conselho Norte-Americano da Seção de Artes Visuais (da Escola de Ciência Espiritual) desde 1996 e tem editado ou co-editado a revista internacional em inglês “Art Section Newsletter” desde 1998. Ele também é co-fundador e membro do Core Group do Lightforms Art Center em Hudson, Nova York. Publicou vários artigos e livretos de exposições sobre artes visuais, educação, filosofia e outros assuntos e é um artista performático ocasional.

[2] Posfácio da edição norte-americana do livro: Steiner, Rudolf; Bees. Hudson, NY: Anthroposophic Press, 1998. (Abelhas: apicultura a partir do respeito pela vida. Trad. Gerard Bannwart. Aracaju: Edições Micael, 2005). (N.T.)

[3] Abelhas: apicultura a partir do respeito pela vida. Trad. Gerard Bannwart. Aracaju: Edições Micael, 2005. (N.T.)

Da abelha rainha à escultura social: a alquimia artística de Joseph Beuys

 

RESUMO: No presente texto, o autor buscou evidenciar como os trabalhos do artista alemão Joseph Beuys foram completamente contaminados pela Antroposofia de Rudolf Steiner, principalmente pelas nove palestras que foram reunidas no livro Abelhas – Apicultura a partir do respeito pela vida. A colmeia como a capacidade de trabalho orientado para a cooperação social, condição, que segundo Steiner, os seres humanos só serão capazes de alcançar num futuro distante. A partir das ideias de arte social do pensador austríaco, Beuys desenvolve o conceito ampliado de arte, que transborda os aspectos formais da linguagem e promove uma ação não só no campo das artes, mas no social, político e econômico. Na qual a criatividade é igual a capital e cada pessoa um artista quando toma consciência do seu potencial criativo. A escultura social como um campo de processos alquímicos que ora aquecem ora esfriam de acordo com a movimentação. Movimento este que parte do coração e segue em fluxo para um pensar vivo e uma vontade que promove ação. Estrutura trimembrada do ser humano e do organismo social.

 

PALAVRAS-CHAVE: Colmeia. Arte ampliada. Escultura social.

 


From queen bee to social sculpture: The artistic alchemy of Joseph Beuys

 

ABSTRACT: In this text, the author sought to show how the works of the German artist Joseph Beuys were completely contaminated by Rudolf Steiner’s Anthroposophy, mainly by the nine lectures that were gathered in the book Bees. The bee hive as the capacity for work oriented towards social cooperation, a condition that, according to Steiner, human beings will only be able to achieve in a distant future. From the ideas of social art of the Austrian thinker, Beuys develops the expanded concept of art, which overflows the formal aspects of language and promote action not only in the field of the arts, but in the social, political and economic fields. In which creativity is equal to capital and each person is an artist when he becomes aware of his creative potential. Social sculpture as a field of alchemical processes that sometimes heats up or cools down according to the movement. Movement that starts from the heart and continues on a flow for a lively thinking and a will that promotes action. Three-folded structure of the human being and the social organism.

 

KEYWORDS: Bee hive. Expanded art. Social sculpture.

 


ADAMS, David. Da abelha rainha à escultura social: a alquimia artística de Joseph Beuys. ClimaCom – Coexistências e cocriações [Online], Campinas, ano 8, n. 20,  abril.2021. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/da-abelha-rainha/