Clepsidra | Marcela Cavallini e Coletiva Marcas D ́Água

Título | Clepsidra

Diante de tempos planetários desafiadores, 7 artistas intentam atravessar as paredes do microcosmos da casa. Reside nos gestos mínimos desse coletivo de mulheres um tipo de engajamento sensível com mundo, além do invólucro humano. Nesses encontros heterogêneos, o tempo dos fluxos, desvios e infiltrações revela certa ecologia do lugar. Nesta viagem líquida, a casa abriga um tanto de vida não-humana que ainda pulsa em co-existência com suas corpas.
Tal mapa performativo ganha força no contexto de isolamento coletivo. A relação do tempo em mutação com a gravidade da situação em solo brasileiro reitera rituais do cotidiano emergidos no meio digital. Entretanto, a violência do aqui-agora não impede o tecer comum dessas mulheres com o que há de mais pulsante na luta subjetiva e corporal de cada uma. O ato como performance se atualiza na memória experienciada entre as artistas e os diferentes elementos e seres que encontram nesse processo.
A pandemia evidenciou a dimensão da performatividade que atravessa nossas vidas paralela à mutação em andamento da sensibilidade das pessoas e do ambiente em geral. A dimensão de extrema instabilidade e de incertezas impulsionou possíveis motores de reformulação de práticas diante de novas contingências, ritmos e vínculos alterados nas várias relações que nos atravessa. Entre elas, as que criamos com o cotidiano e as que se abrem à criação do comum em redes tecnovivas. Ao mesmo tempo, diante da possibilidade de manutenção de padrões de normalidade, deságuam os novos fluxos do capital gerado nesse estado de exceção. Tais fluxos, reforçam o quanto está ainda plenamente em curso a desconsideração das vidas planetárias que são, a revelia, direcionadas a fins trágicos. A cena do campo expandido na arte nos mostra o quanto também é tênue e frágil a passagem desses fluxos de criação entre fronteiras de conhecimento, o quanto estamos enredados em relações infinitas de aproximação, contato, distanciamento e borramento de limites. Nesse caso, o sangue é a presença que une o sensível em direção à fabulação de modos de co-existências e de que as fronteiras são perigosas invenções humanas.

 


Ficha Técnica

Performance e Captação de Imagens: A Cecilia; Amanda Morais; Ara Nogueira; Clarice Rito; Dulce
Lysyj; Edzita SigoViva e Marcela Cavallini

Captação de áudio: A Cecilia; Amanda Moraes; Ara Nogueira; Clarice Rito; Dulce Lysyj; Edzita
SigoViva; Marcela Cavallini e BaliRec Produtora.
Roteiro: Marcela Cavallini
Direção Geral: Marcela Cavallini
Sonoplastia: BaliRec Produtora
Montagem/Edição e Finalização: BaliRec Produtora

 


Marcela Cavallini (Doutoranda do Programa de Artes EBA-UFRJ) e Coletiva Marcas D ́Água (Ara
Nogueira, A Cecilia, Amanda Moraes, Clarice Rito, Edzita SigoViva, Dulce Lysyj)
e-mail: pornosascorpas@gmail.com
telefone: 21-996253152

CAVALLINI, Mercala; NOGUEIRA, Ara; CECÍLIA, A; MORAES, Amanda; RITO, Clarice; SIGOVIVA, Edzita; LYSYJ, Dulce, . Clepsidra. ClimaCom – Coexistências e cocriações [online], Campinas,  ano 8, n. 20. abril 2021. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/clepsidra/


 

SEÇÃO ARTE |COEXISTÊNCIAS E COCRIAÇÕES  | Ano 8, n. 20, 2021

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