Coprodução e a natureza especulativa das modelagens computacionais nas pesquisas em mudanças climáticas | Camila Ramos

Webinar sobre mudanças climáticas abrange questões fundamentais do modo de se fazer ciência nos dias atuais.

Por | Camila Ramos

Editora | Susana Dias

Coexistência, coprodução e como o mundo se conecta foram os tópicos do webinar realizado no último dia 16 pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) junto ao Belmont Forum, uma iniciativa de parceria e financiamento de pesquisas sobre mudanças climáticas. O consórcio internacional incentiva a transdisciplinaridade, esse que é considerado por muitos pesquisadores como um dos maiores desafios das ciências.

As modelagens computacionais foram metodologias utilizadas em boa parte das pesquisas apresentadas no webinar. Essas que têm o objetivo de monitorar as mudanças climáticas em determinadas regiões do mundo, calcular cenários para um futuro próximo e, com isso, resultar em propostas de mitigação do problema. Nesse sentido, a conferência virtual discutiu sete temas: Biodiversidade, Clima, Segurança Alimentar, Cidades, Zonas Costeiras, Sustentabilidade e Adaptação.

Coprodução

O tema coprodução foi trazido à tona pela Marcella Ohira, vice-diretora do Inter-American Institute for Global Change Research (IAI), durante a abertura do webinar. Para ela, existem diversos desafios globais e regionais para as ciências na atualidade, incluindo a interdisciplinaridade e a dificuldade de comunicação entre academia e poder público. No entanto, a cooperação entre regiões em uma pesquisa é especialmente complicada quando há diferentes níveis de desenvolvimento e de infraestrutura em cada região no mundo.

A coprodução internacional, na visão da pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Iracema Fonseca de Albuquerque Cavalcante “é essencial para o avanço do conhecimento e geração de soluções para problemas e questões sociais. É fundamental para troca de informações, dados, métodos e modelos, o que facilita o avanço mais rápido do que trabalhos isolados”, comentou. É preciso que a coprodução, “esse processo que envolve o produzir junto”, ressaltou Iracema, envolva colaborações não apenas entre pesquisadores, mas, também, com outros atores que compartilham vivências e conhecimentos, bem como com os tomadores de decisão. Tendo em vista que a relação pesquisa-população-poder-público é fundamental para acelerar mudanças que tragam benefícios socioambientais.

iracema batistella

 

Iracema Cavalcanti apresenta o projeto CLIMAX – Serviços climáticos através de co-produção de conhecimento: uma iniciativa européia e da América do Sul para fortalecer as ações de adaptação da sociedade a eventos extremos. (leia notícia completa em PDF)

Bolsista Mídia Ciência Fapesp no projeto INCT-Mudanças Climáticas Fase 2 financiado pelo CNPq projeto 465501/2014-1, FAPESP projeto 2014/50848-9 e CAPES projeto 16/2014.