Rio. Uma escrita coletiva que pede passagem | grupo multiTÃO


grupo multiTÃO

Alice Dalmaso; Almir da Silva Pinheiro – Mirs; Emanuely Miranda;

Mariana Vilela; Susana Dias [1]

O que pode um documentário que faz correr um rio inundado por seres, inundando outros tantos seres, e dando a ver modos muito específicos de estar vivo? O que pode um texto, enquanto força de escrita e pensamento, que afirma a reativação, regeneração, reapropriação de nossos próprios corpos, de engajamento com o mundo, com a política, com o tempo, com humanos e não humanos, com o pensar? O que pode cuidar e curar no mundo os elos produzidos entre ambos materiais?

Esta escrita é correnteza que segue por entre o filme Waapa [2], produzido com o povo Yudja (dirigido por David Reeks, Paula Mendonça e Renata Meireles) e o ensaio “Reativar o animismo” (2017), da filósofa Isabelle Stengers. A correnteza vazou pela experiência do encontro com os materiais, e dos vínculos produzidos pelas linhas visíveis e invisíveis – diversas e múltiplas – entre eles. Rio, escoamento, passagem: um chamado a pensar a escrita, a comunicação e a educação para além dos limites impostos pelo indivíduo, pelo individual. Rio que chama, clama, pela força do coletivo, do povo porvir. Coletivo que não é fusão, nem perda da forma, do nome, mas afirmação das pontes e conexões. Rio-ponte entre-terras. Risada estendida entre-povos. Caminho úmido entre-reinos.

Um rio-texto é sempre um exercício mágico de construir novos possíveis com o sussurro das palavras e composições que fabricamos. O Grupo multiTÃO fez nascer, assim, essa escrita engrenada por pequenos blocos de sensações que, num primeiro momento, foram compactuados com nossas solidões, povoadas pelos signos do filme e do ensaio, suas misturas ressonantes, combinações, devires transversais. Mantivemos que cada singularidade de escrita pudesse aqui como um rio que corre, e ora diminui ou aumenta sua velocidade, suas vazões, seus encontros com novas vias de água e uma toda sua ecologia.

Imersas, porém encostando ao modo de ser rio-criança de Waapa, e de um devir-feitiçaria da vida de Stengers, nos perdemos e nos reencontramos por aqui. (Leia o ensaio completo em PDF)

 

Recebido em: 01/05/2020

Aceito em: 05/06/2020

 

[1] Trailer oficial: <https://www.youtube.com/watch?v=MX0u77Ykop8>

[2] Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp): Alice <alicedalmaso@gmail.com>; Mirs <monstrengomirs@yahoo.com.br>; Emanuely <emanuelymiranda.em@gmail.com>; Mariana <nnanavl@gmail.com>; Susana Dias <susana@unicamp.br>.

 

Rio. Uma escrita coletiva que pede passagem

 

RESUMO: Entre o filme Waapa, produzido com povo Yudja e dirigido por David Reeks, Paula Mendonça e Renata Meireles, e o ensaio Reativar o animismo de Isabelle Stengers canta um rio. Escutamos a escrita que pede passagem pelos corpos do grupo multiTÃO e o chamado a pensar e sentir o que podem as conexões cuidar e curar.

PALAVRAS-CHAVE: Rio. Escrita. Animismo.

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River. Colective writing that ask passage

 

ABSTRACT: Between the movie Waapa, produced with the Yudja people and directed by David Reeks, Paula Mendonça and Renata Meireles, and the essay Reclaiming animism by Isabelle Stengers, sings a river. We listen to the writing that asks for passage through the bodies of the group MultiTÃO and the call for thinking and felling what the connections can care for and heal.

KEYWORDS: River. Writing. Animism.

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multiTÃO; DALMASO, Alice; PINHEIRO, Almir da Silva; MIRANDA, Emanuely; VILELA, Mariana; DIAS, Susana. Rio, uma escrita coletiva que pede passagem. ClimaCom – Florestas [Online], Campinas, ano 7,  n. 17,  Jun.  2020. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/multitao-florestas