A floresta não (a)parece selvagem por todos os lados: encontros inumanos no cinema em escolas infantis | Wenceslao Machado de Oliveira Júnior
Wenceslao Machado de Oliveira Júnior[1]
Preâmbulos
A floresta, enquanto multiplicidade imprevisível do que nos é comum, invade o cinema na escola por todos os lados. São cotidianas e variadas as filmagens em que os personagens são nítidas emergências inumanas da floresta em meio à escola: árvores, gravetos, folhas, terra, grama, cigarras, lagartas, borboletas, gambás, pássaros, galinhas, escorpiões, vento, chuva, enxurrada, céu, chão…
A cada aparição, as câmeras se voltam para aquilo que emergiu com(o) força, para o signo da floresta que apareceu como afeto e singularidade vindos como que do nada. Cada filmagem busca fixar a aparição ali, como signo da escola, nomeando a floresta, tornando-a compreensível, catalogável como mais uma parte do todo, ou melhor, da pretensão ao todo de onde (o) nada escapa.
Há também filmagens de animais que aparecem (porque vivem) no parque e, muita vezes são objeto tanto de encantamento quanto de medo, levando alguns deles a serem mortos pelas crianças ou pelos profissionais da escola. Nestes momentos a floresta (a)parece selvagem. Mais selvagem gostaríamos que fosse o cinema…
Lugar e corpo
Muitos foram os aprendizados sobre a floresta, através da relação entre criança e natureza, desde que o cinema passou a ser experimentado em uma escola. Na verdade duas escolas públicas municipais de educação infantil que funcionam num único quarteirão no bairro Boa Vista, um bairro de classe média baixa, na periferia de Campinas-SP. (Leia artigo completo em PDF).
Recebido em: 01/05/2020
Aceito em: 05/06/2020
[1] Professor do grupo OLHO da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A floresta não (a)parece selvagem por todos os lados: encontros inumanos no cinema em escolas infantis
RESUMO: As filmagens produzidas por professoras e crianças podem funcionar como defensoras da floresta? A floresta, enquanto multiplicidade imprevisível do que nos é comum, invade o cinema na escola por todos os lados. Este texto é desdobramento da pesquisa Lugar-escola e cinema: afetos e metamorfoses mútuas e aponta a escola como um lugar, um modo de fazer cinema e muitos corpos docentes e infantis emergiram como potências cinematográficas nos pequenos filmes que vivificam a floresta em meio à cidade, performando um cinema selvagem, atravessado por forças e esquecimentos.
PALAVRAS-CHAVE: Cinema. Educação infantil. Floresta.
Dialogue between new political lexics and community practices-caring in Abya Yala
ABSTRACT: Can video footages produced by teachers and children function as defenders of the forest? The forest, as an unpredictable multiplicity of what is common to us invades cinema at school, all over. This text is an unfolding of the research project: Place-school and cinema: affections and mutual metamorphoses and it remarks school as a place, a way of making cinema and many teachers and children emerge as cinematographic potencies in small films that vivify the forest in the middle of the city, performing a wild cinema crossed by forces and forgetfulness.
KEYWORDS: Cinema. Child education. Forest
OLIVEIRA JR. Wenceslao Machado de. A floresta no cinema. ClimaCom – Florestas [Online], Campinas, ano 7, n. 17, jun. 2020. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/floresta-no-ci…liveira-junior/