Entrevista Enio Pereira Bueno | “Ciência é aliada vital na produção de energia limpa do Brasil” | Por Allison Almeida

Enio Pereira Bueno, cientista-líder do componente Segurança Energética no INCT-MC2, traça um panorama sobre a situação atual da produção de energia solar e eólica no país, comenta novas perspectivas de estudo e relata a importância da exploração de uma matriz energética menos poluente para o Brasil.

Por | Allison Almeida

Editora | Susana Dias

“Os erros das nações desenvolvidas do hemisfério norte, que vêm desde a revolução industrial do século XVIII, não justificam erros das nações em desenvolvimento com o Brasil. Portanto, o Brasil tem sim que buscar uma forma de desenvolvimento que contemple os aspectos de preservação do meio ambiente”. A afirmação é de Enio Pereira Bueno, físico do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), um dos principais nomes brasileiros relacionados aos estudos sobre perspectiva de produção e aproveitamento de energia limpa, e cientista-líder do componente Segurança Energética, no INCT-MC2. O cientista destaca que existe um movimento para uma ampliação contínua da participação de renováveis através da expansão do aproveitamento potencial de energia solar e eólica. A energia solar, por exemplo. é responsável por cerca de 1% da energia produzida no país, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A energia eólica já responde por quase 10 por cento, com a região nordestina como grande protagonista. Cientistas brasileiros têm obtido destaques criando novos métodos, mapeando possibilidades, trazendo novas abordagens e perspectivas para exploração comercial de uma matriz energética mais limpa e que vise a redução de poluentes. Nesta entrevista, concedida a ClimaCom, o pesquisador aborda temas como a situação atual energética do país, fala sobre o Atlas Brasileiro de Energia Solar e apresenta resultados de estudos recentes, como o que explora as novas possibilidades para obter informações sobre cobertura de nuvens na região Sudeste.

ClimaCom | Na primeira fase do projeto INCT – Mudanças climáticas (INCT-MC de 2008 a 2014), o grupo obteve resultados importantes no âmbito do desenvolvimento de cenários das mudanças climáticas no contexto da inclusão de energias renováveis na matriz de energia nacional. O componente de Segurança Energética elaborou, por exemplo, importantes estudos de tendências em séries históricas de dados eólicos e solares visando um melhor gerenciamento do potencial de energia limpa brasileiro. Que retrospectiva o senhor faz sobre os experimentos realizados desde então? Como os trabalhos científicos sob a perspectiva das energias renováveis vêm ajudando o Brasil a atingir um grau satisfatório de segurança energética?

Enio Pereira Bueno | O lançamento da segunda edição do Atlas Brasileiro de Energia Solar, em parte financiado pelo INCT, foi um sucesso e este produto é hoje referência nacional na área de novos projetos de energia solar, tanto pela iniciativa privada como por órgãos do governo. Desde então, temos trabalhado na fronteira do conhecimento avançando em estudos mais complexos abordando aspectos da intermitência e complementaridade das fontes solar e eólica, por exemplo. Esses estudos se tornam cada vez mais importantes na medida em que cresce a penetração dessas fontes intermitentes de energia no Sistema Interligado de distribuição de energia elétrica nacional.

ClimaCom | Uma das características do subcomponente Segurança Energética, desde a primeira fase, tem sido a capacidade de trabalhar a temática de forma transversal e em parceria com outros componentes, INCTs e instituições do Brasil e do Exterior. Além de uma rede de universidades nacionais, o subcomponente estabeleceu colaborações com a Universidade Católica do Chile e a Universidade de Oldemburgo, na Alemanha. Em que estudos resultaram estas parcerias internacionais? Estas interações com outros grupos e instituições continuarão nesta nova fase? Caso positivo, sob aspecto metodológico, como funciona esta interação e que tipo de produção científica as parcerias estão estabelecendo neste momento?

Enio Pereira Bueno |  A colaboração com a Universidade Católica do Chile permitiu a realização do primeiro Atlas de Energia Solar daquele país. O Chile possui um plano arrojado de que até o ano de 2020, 20% de toda a energia consumida no país seja de fonte renovável e o Atlas desempenhou um importante papel nesse sentido, colaborando para redução das emissões. Com a Universidade de Oldemburgo, foram realizados intercâmbios de pesquisadores em estágios de média duração a fim de incorporar os grandes avanços de conhecimento na área das energias solar e eólica que são realizados na Europa. A Alemanha é um dos países com maior participação dessas duas fontes de energia em sua rede elétrica, e tem muito que podemos aprender com eles. Atualmente, estamos buscando expandir a rede de colaboração tanto a nível nacional, com parceiras com a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal de Itajubá (Unifei), a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), como também buscando novas parcerias com instituições de Portugal, Alemanha e da Áustria, por exemplo.

ClimaCom | No que se refere à climatologia, na última década, a ciência brasileira tem se destacado nos estudos referentes à modelagem climática para projeções futuras dos impactos causados pelas mudanças climáticas. Nesse sentido, há estudos nacionais de modelagem climática que estimem as potencialidades brasileiras de produção de energia renovável num futuro médio? O que eles dizem em relação à cenários de segurança energética?

Enio Pereira Bueno | Estamos avançando nos estudos sobre impactos das mudanças climáticas sobre os recursos de energia solar e eólica, principalmente. Um dos estudos em curso, por exemplo, envolve uma abordagem do NEXUS água-energia-alimentos, no nordeste, semiárido do Brasil, com foco no que acontece com a Usina Hidrelétrica de Sobradinho e um centro importante de produção de frutas das cidades de Petrolina e Juazeiro. Ambas as atividades humanas dependem da disponibilidade hídrica do rio São Francisco.  Embora a demanda de água para irrigação seja intensa, a geração de energia prevaleceu como prioridade no período seco. Estudos das mudanças climáticas apontam intensificação dos períodos de seca na região, o que pode levar a prejuízos socioeconômicos frente a crescente demanda dos produtos dessa região. Nossos estudos pretendem mostrar que a introdução da energia solar pode resolver parcialmente esse conflito do uso da água em um cenário de impacto das mudanças climáticas. Outro estudo, agora de abrangência nacional, envolve o emprego de dados de Reanálise Corrigida como um instrumento útil para avaliar o recurso solar futuro para a geração de energia. Esses estudos se desenvolvem no escopo de uma cooperação com a Alemanha (GIZ) no âmbito do projeto “Ampliação dos Serviços Climáticos em Investimentos de Infraestrutura” (CSI), subprojeto “Desenvolvimento de serviços climáticos para recursos solar e eólico para diversas escalas e possíveis impactos de alterações climáticas”.

ClimaCom | Um dos destaques da primeira fase do INCT, no que se refere ao subcomponente energias renováveis, foi o Sonda, um projeto realizado pelo INPE destinado a levantar e melhorar a base de dados dos recursos de energia solar e eólica no Brasil. O Sonda foi pensado para servir como base para o desenvolvimento de políticas de energia de fontes solar e eólica. Qual a avaliação o senhor faz deste projeto? O Sonda tem sido um marcador importante para tomadas de decisões estratégicas visando um cenário de maior eficiência energética de energias renováveis?

Enio Pereira Bueno | A rede Sonda nasceu de uma demanda nacional no contexto do projeto Solar and Wind Energy Resource Assessment (SWERA) co-financiado pelo Global Environment Facility (GEF) e pela United Nations Environment Program (UNEP), com contrapartida nacional da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Teve início em 2001 e constitui hoje a rede radiométrica de referência nacional e internacional. Essa rede integra redes internacionais de observação do ambiente atmosférico, como a Baseline Surface Radiation Network (BSRN) e a Aerosol Robotic Network (AeroNet). Os dados dessa rede tem sido amplamente utilizados em vários estudos e trabalhos científicos, além de serem empregados no desenvolvimento de modelos atmosféricos e dados de satélite. A rede tem procurado se manter operacional com a forte contribuição financeira da Petrobras, porém com grande dificuldade já que se trata de um apoio de alto custo financeiro realizado através de projetos de P&D, portanto com duração de alguns anos somente. Por exemplo, nos anos entre 2015 a 2017 a rede ficou sem apoio financeiro da Petrobras com grande prejuízo na qualidade e continuidade dos dados gerados e pudemos contar com apoio parcial de outros projetos como do próprio INCT. Porém, o custo operacional dessa rede é muito grande e não cabe dentro do orçamento desse programa.

ClimaCom | Entre os méritos científicos do grupo na primeira fase está a construção do modelo BRASIL-SR, um modelo para obtenção de estimativas da radiação solar incidente na superfície e o desenvolvimento de modelos de levantamento eólico em microescala Quais serão os focos do subcomponente Segurança Energética na segunda fase do INCT-MC2? Em que estudos e desenvolvimento de produtos tecnológicos o subcomponente trabalha atualmente?

Enio Pereira Bueno | Nessa segunda fase do INCT, o foco das pesquisas será nas questões que envolvem os impactos das mudanças climáticas sobre os recursos solares e eólicos nacionais. Não menos importante, será dada ênfase nos estudos sobre a complementaridade desses recursos intermitentes e como se pode compor tais fontes com as fontes de energia tradicionais, como a hidroelétrica, que constitui a base da geração elétrica nacional.

ClimaCom | Em dois mil e dezessete, o INPE lançou o Atlas Brasileiro de Energia Solar. Um estudo detalhado das potencialidades das regiões brasileiras como objetivo de fornecer dados concretos ao poder público para tomadas de decisões visando um melhor aproveitamento do potencial energético solar brasileiro. Dois anos após o lançamento do Atlas, que balanço o senhor realiza deste projeto? Quanto este tipo de monitoramento vem ajudando o Brasil a destravar sua capacidade produtiva em energia solar?

Enio Pereira Bueno | A segunda edição do Atlas Brasileiro de Energia Solar vem coroar o sucesso que a primeira edição deste Atlas teve em 2001. Hoje, os dados deste Atlas são a fonte de referência sobre o recurso solar nacional, e estão nas bases de dados da EPE, da ONS, do CEPEL, entre outros órgãos de administração nacional. Não somente os setores governamentais utilizam essa base de dados, várias empresas de prestação de serviços na área de energia solar também utilizam essa mesma base de dados.

ClimaCom | Em seu último artigo publicado “Case study for hybrid power generation combining hydro- and photovoltaic energy resources in the Brazilian semiarid region”, o senhor e outros cientistas, propõem um sistema híbrido para a geração de energia no nordeste brasileiro, que combine hidrelétricas com energia produzida através de painéis fotovoltaicos para assim diminuir a utilização de termelétricas, que são bem mais poluentes. O estudo avaliou a contribuição de uma usina solar fotovoltaica para aumentar a geração de energia na usina hidrelétrica de Sobradinho, que opera no rio São Francisco, o mais importante rio nordestino. Que tipos de conclusões foram obtidas neste estudo? É possível através da geração de energia híbrida diminuir a utilização de termelétricas e assim contribuir para a redução de impactos ambientais?

Enio Pereira Bueno |  A publicação foi um trabalho pioneiro visando mostrar o potencial de geração solar para enfrentar a questão dos impactos dos grandes períodos de secas na geração hidrelétrica e combater as emissões originadas pelas termelétricas durante tais períodos. Os resultados mostraram que a geração híbrida fotovoltaica-hidrelétrica pode contribuir para economizar água para outros usos múltiplos e evitar as emissões de gases de efeito estufa por usinas termelétricas em longos períodos de seca intensa. De acordo com os resultados da simulação para o Período 2013-2015, a usina fotovoltaica acrescentaria cerca de 8350 GWh à energia real gerada em Sobradinho usando uma área menor que 0,5% da superfície do seu reservatório. Além disso, a geração de energia híbrida evitaria emissões em torno de 27.106 tCO2 liberado na atmosfera por usinas termelétricas usando combustíveis fósseis durante 3 anos. Essas simulações ainda estão sendo estudadas no contexto desse INCT com foco no NEXO de segurança energética, hídrica e alimentar

ClimaCom | Existe uma expectativa considerável de que a médio, longo prazo a energia fotovoltaica será um importante componente para a descarbonização da economia no mundo. De acordo com o mais recente estudo divulgado pela Bloomberg New Energy Finance (BNEF) divulgado em 2019, a estimativa é que a energia solar poderá, até 2050, ser responsável por até 48 por cento da geração mundial de energia. No entanto, sobre este otimismo, há várias críticas e dúvidas, entre elas o fato da tecnologia ser inacessível em relação ao preço para a maior parcela da população. No Brasil, por exemplo, de acordo com pesquisa de mercado realizada para esta entrevista, instalar um sistema de Energia Solar Fotovoltaica Residencial que produza até 10 kwp, custa entre 50 e 60 mil reais, desconsiderando os gastos anuais com manutenção do sistema. Atualmente, existem estudos que tenham como meta buscar soluções tecnológicas para a massificação da energia solar no Brasil?

Enio Pereira Bueno | Esses dados são pessimistas e traduzem uma realidade que não é mais válida hoje em dia. No último leilão de energia realizado ano passado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) a fonte solar fotovoltaica teve preços inferiores aos praticados por CGHs, PCHs e termelétricas a biomassa. Esse ganho de competitividade é fruto da redução de preços dos equipamentos e competição entre os empreendedores. Isso explica o porquê, embora a fonte solar represente menos de 1,5% da matriz energética nacional, apresente o maior crescimento em relação a todas as outras fontes. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar) o custo com equipamentos sofreu queda de cerca de 30% no último ano e os de instalação tiveram redução de aproximadamente 40%. Isso contribui para a expansão desse mercado no Brasil, principalmente frente ao custo crescente das tarifas de energia, motivando o forte crescimento da geração distribuída, que permite a qualquer consumidor conectar a geração própria ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Com isso, os investimentos nesses projetos podem ser recuperados em um período de três a sete anos dependendo do caso.

ClimaCom | Quando se usa energia solar, as nuvens são uma preocupação constante, pois são uma fonte de instabilidade. No artigo “Comparison of methodologies for cloud cover estimation in Brazil – A case study”, o senhor analisa novas possibilidades para obter informações sobre cobertura de nuvens na região Sudeste do Brasil a fim de encontrarmos maneiras de explorar mais a energia solar. Qual importância deste tipo de aferição científica na região que mais consome energia elétrica do país? Que tipo de conclusões o estudo forneceu para encontrarmos uma melhor metodologia em busca de aproveitarmos melhor o potencial do sudeste?

Enio Pereira Bueno |  Esses estudos são pioneiros no país e ainda se encontram em andamento. Porém, resultados parciais e ainda não publicados mostram que é possível atenuar essa intermitência de curto prazo devido as nuvens através da exploração da complementaridade dessa fonte de energia com a fonte eólica, por exemplo. Em muitos casos, os regimes de vento e de irradiação solar ocorrem em contrafase resultando em uma atenuação da variabilidade na geração desse tipo de energia intermitente. O sistema elétrico brasileiro possui essa característica de ser quase que totalmente interligado de forma que regimes de complementaridade entre as várias regiões brasileiras podem ser explorados.

ClimaCom | Além da energia solar, o Brasil tem um grande potencial ligado a outra energia renovável: a energia eólica. De forma gradual, o país vem investindo para exploração deste tipo de energia e atualmente ela já é responsável por 9% de toda a energia gerada no País, segundo o Boletim Anual da Associação Brasileira de Energia Eólica. De acordo com projeções do Global Wind, o nosso país já é a quinta nação que mais produz energia eólica atrás de China, Estados Unidos, Índia e Alemanha. Como o Inpe fez em relação Atlas Brasileiro de Energia Solar monitorando a situação em relação a energia solar, há estudos que indiquem as potencialidades brasileiras em relação a energia eólica?

Enio Pereira Bueno |  A energia eólica no Brasil teve grande impulso com o lançamento do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), lançado em 2002, que forneceu forte incentivo para as fontes eólicas, de pequenas centrais hidrelétricas e de biomassa. Nesse programa a energia solar ficou de fora. Com isso, e pelo fato de o Brasil reunir condições climáticas extremamente favoráveis à exploração da energia dos ventos, principalmente no nordeste onde sopram os ventos alísios, o parque eólico nacional teve forte crescimento. Contudo, apesar da fonte solar ter tido um crescimento bem mais tardio, somente a partir de 2016, a sua taxa de crescimento nos últimos três anos foi de cerca de 300% comparada com o crescimento da eólica no mesmo período de 120%. A expectativa é que o crescimento da energia solar se mantenha nessa elevada taxa enquanto que a eólica apresente uma tendência em se estabilizar. Isso por conta da tendência do crescimento da energia distribuída proporcionada pela geração fotovoltaica que tem se tornado cada vez mais atraente para o consumidor de energia.

ClimaCom | O governo atual do Brasil vem se apresentando cético em relação a questões científicas relacionadas aos estudos de climatologia. Ricardo Salles, atual ministro do Meio Ambiente, por exemplo, é reticente a questões relacionadas ao aquecimento global, a influência humana no clima e as mudanças climáticas de uma forma geral. Como o senhor observa o negativismo ao aquecimento global em pauta na política ambiental brasileira contemporânea? Há projeções sobre os impactos a longo prazo de uma política de conservação ambiental inadequada no que se refere à segurança energética do país?

Enio Pereira Bueno | Eu não entendo essa postura do Ministro Ricardo Salles. Trata-se da opinião pessoal e subjetiva de um ministro, advogado de formação, contra dados e informações cientificamente embasadas de milhares de cientistas do mundo inteiro. O mundo inteiro está se convencendo da importância de promover um desenvolvimento sustentável e com forte preocupação da preservação do nosso meio ambiente. Temos que separar a questão da soberania nacional, que julgo inviolável, com as fronteiras geográficas entre as nações. Vivemos todos no mesmo e único planeta e é nosso dever preservar as condições de vida e de qualidade da vida não só da humanidade como também dos outros seres vivos que coabitam este planeta. Os erros das nações desenvolvidas do hemisfério norte, que vem desde a revolução industrial do século XVIII, não justificam erros das nações em desenvolvimento com o Brasil. Portanto, o Brasil tem sim que buscar uma forma de desenvolvimento que contemple os aspectos de preservação do meio ambiente. 

 

Esta entrevista faz parte das ações do projeto INCT-Mudanças Climáticas Fase 2 financiado pelo CNPq projeto 465501/2014-1, FAPESP projeto 2014/50848-9 e a CAPES projeto 16/2014