Marcus Elicius dos Santos Garcez e Amanda M. P. Leite | Todo dia é dia de feira
Título: Todo dia é dia de feira
Marcus Elicius dos Santos Garcez [1]
Amanda M. P. Leite [2]
“É dia de feira, quarta-feira, sexta-feira, é dia de feira”. Quem nunca foi em uma feira para comprar aquele tempero especial para o prato do almoço? Ou ainda, para apreciar um mocotó ou sarrabulho com farinha d’água? No Mercado Central de São Luís (MA), além dessas opções, muita gente vai em busca de produtos peculiares. É possível encontrar uma grande variedade de cheiros e sabores em frutas, remédios e cachaças naturais do estado, como também galinhas, porcos, passarinhos e outros animais vivos. Além dos alimentos há brinquedos, produtos artesanais e domésticos como panelas, bancos, colheres de pau etc.. O Mercado Central (para os maranhenses) é lugar de respeito ainda que sofra com a degradação do tempo e o descaso do poder público. Em meio aos produtos, o lugar também se faz de histórias, de lendas, culturas que foram criadas e contadas ali, ao longo de seus 155 anos de existência. Na tentativa de produzir fragmentos imagéticos sobre o Mercado Central de São Luís que explorem a fotografia também como lugar de narrativa e memória, decidi como uma espécie de flaneur, perambular por ali e fazer um ensaio fotográfico. Este exercício é carregado de lembranças do tempo em que frequentava o mercado com meus avós, na buscar por produtos para o comércio deles, que ficava na cidade de Humberto de Campos (MA). Parafraseando Marialva Barbosa (2012), essas fotografias possibilitam a multiplicação de fatos memoráveis, transformando a memória em um documento. Muito além de fotografias documentais, com planos abertos, cheia de detalhes e informações da vida cotidiana, o ensaio é também um manifesto de afeto, já que carrega um pouco da minha história e da história de milhares de pessoas que frequentam essas feiras. Como diria Barthes (2017), sobre o punctum, há algo nessas imagens que me ferem, me machucam, como se uma flecha me atravessasse, algo que salta e me afeta. Ao ver e rever este ensaio, sinto atravessamentos, seja observando o senhor vendedor de picolé, que mesmo com uma certa idade, ainda caminha pelas ruas em busca do sustento da família ou o olhar triste e curioso dos periquitos engaiolados. A proposta que apresento aqui é resultado da pesquisa que realizo como um Comunicador Social, sobre fotografia documental no estado do Maranhão. A pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Sociedade, na Universidade Federal do Tocantins (UFT). Nessa pequena coleção de 12 fotografias, espero que você leitor possa abrir passagem para as linhas de fuga presente na imagem e quiçá reviver o cheiro das frutas e das verduras, os sabores, as cores e o clima do mercado, a diversidade de produtos e de pessoas, as narrativas e as memórias que as imagens provocam na presença/ausência de cada captura.
FICHA TÉCNICA
Título: “Todo dia é dia de feira”
Autores: Marcus Elicius e Amanda Leite
Fotógrafo: Marcus Elicius Local: São Luís/MA
Ano de produção: 2016
Câmera: Nikon D3100
Lente: 18-55mm
Dimensão da imagem: 1024×683
[1] Fotógrafo. Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Sociedade, na Universidade Federal do Tocantins. Graduado em Comunicação Social – Rádio e TV, na Universidade Federal do Maranhão. E-mail: eliciusmarcus@gmail.com / Instagram: @marcuselicius / Telefone: (98) 98266-3494.
[2] Fotógrafa. Docente no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Sociedade e no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Site: www.amandaleite.com.br / E-mail: amandaleite@uft.edu.br / Instagram: amandampleite
Bibliografia
BARBOSA, Marialva. O presente e o passado como processo comunicacional. São Paulo: Matrizes, v. 5, p. 145-155, 2012.
GARCEZ, Marcus Elicius dos Santos; LEITE, Amanda M. P. Todo dia é dia de feira. ClimaCom – A Linguagem da Contingência [online], Campinas, ano. 6, n. 15. Ago. 2019 . Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/marcus-elicius-dos-santos-garcez-e-amanda-m-p-leite-todo-dia-e-dia-de-feira/
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SEÇÃO ARTE | A LINGUAGEM DA CONTINGÊNCIA | Ano 6, n. 15, 2019
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