Sara Melo | Fitotipia e Herbários poéticos

Título:  Sara Melo | Fitotipia e Herbários poéticos


Fitotipia
Nessa oficina realizamos experimentações com plantas e imagens, buscando a utilização de folhas variadas como suporte para a fotografia. Escolher as folhas que serão utilizadas, olhar mais atentamente as árvores e plantas ao redor. Um convite a observar a cidade, praças, parques, terrenos baldios. Um convite a caminhar, observar texturas e formatos das folhas, lançar um outro olhar para a cidade e para os percursos cotidianos. Estarmos abertos ao inesperado. Escolher folhas, experimentar sobreposições de imagens e expô-las aos raios solares. E então, aguardar: para que a imagem seja revelada na planta é necessário que haja o alinhamento de três vontades – a da folha escolhida, a do sol e a nossa. Essa é a poética da fitotipia, um processo fotográfico artesanal e experimental.

Herbários poéticos

Nesse encontro também conversamos um pouco sobre um trabalho em curso que tenho experimentado: a criação de Herbários Poéticos. Recolher folhas secas, colher flores de capins, e herbáceas que muitas vezes não são sequer percebidas. Poemas se juntam a exsicatas/plantas herborizadas, entremeadas em papel pólen e papel vegetal. Monotipias, os traços que restaram, vestígios. A própria planta entre as páginas. Tentar apreender um pouco dos lugares pelos quais passamos através de materialidades, fragmentos. Visitar lugares percorridos e imaginados. Compor um herbário de instantes, um herbário dos dias, das horas partidas. Em uma tentativa de apreender o inapreensível. De tocar o instante. Herbários poéticos.


FICHA TÉCNICA

Concepção da oficina | Sara Melo, bióloga e doutoranda da Faculdade de Educação – Unicamp, grupo OLHO.

Participantes e criações | Gláucia Perez, Carolina Avilez, Rafael Ghiraldeli, Luciana de Souza, Jaqueline Medeiros, Marília Costa, Mariana Vilela e Gabriela Rodrigues, Susana Dias, Alice Dalmaso, Mauro Tanaka, Rodrigo reis Rodrigues, Maria Cortez Salviani, Marli Wunder e Carolina Bernardes.

Fotos |

Lugar | Praça da Paz Unicamp

Data | 28 de agosto de 2019


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Esta atividade fez parte da proposta da disciplina “Arte, ciência e tecnologia” – MDCC-Labjor-IEL-Unicamp segundo semestre de 2019 no Encontro 1 – “Devir criança-animal-elemental-traidor”, dentro da série de encontros “Ecologias de Devires: do chamado a fazer-perceber floresta” organizado pelo Grupo multiTÃO: prolifer-artes sub-vertendo ciências, educações e comunicações.

Disciplina: JC012 Arte, ciência e tecnologia

Professora – Dra. Susana Dias

Esta série de encontros está sendo proposta no âmbito da disciplina “Arte, ciência e tecnologia” onde o problema que nos interessa pensar é o de entrar em comunicação com um mundo todo vivo, com uma matéria viva, ativa e criativa (DELEUZE & GUATTARI, 1997; STENGERS, 2017; EZCURDIA, 2016; DADA & FREITAS, 2018). Seguiremos neste semestre com a ideia de pensar o que pode ser comunicar em parceria com a floresta, propondo encontros com diversos lugares, materiais e práticas para que possamos aprender com diferentes ofícios a como ganhar intimidade com as florestas. Uma das questões que a floresta suscita de interessante para pensar é o fato de reunir uma diversidade de seres-coisas-forças-mundos e propiciar condições para encontros, com a possibilidade de gerar co-evoluções, co-criações. Nessas co-evoluções-criações estão sempre envolvidas ecologias de devires (negro, índio, animal, vegetal, criança, fungo, máquina, pedra, animal, linha, luz, elemental, cósmico…), a chance de que sejamos afetados e afetemos, de que nos engajemos em movimentos de alegre imbricação recíproca com as minorias, com os não-humanos, com tudo o que pode potencializar o pensamento e a relação com a Terra. Nesse sentido os encontros foram pensados em blocos de devires e neste segundo encontro propusemos “Devir-casa-planta-cosmos”. Os encontros, e os exercícios de composição sensível entre heterogêneos que serão feitos depois, buscam dar vigor ao chamado de pensar a comunicação como um perceber-fazer-floresta. Uma fé na “instauração” (SOURIAU, 2017; LAPOUJADE, 2017) de toda uma sensibilidade de outra natureza, que permita criar um campo problemático potente para lidar com as dualidades sujeito-objeto, realidade-ficção, humanos-não-humano, matéria-espírito. Uma atenção ao gestos que mobilizam uma “lucidez alegre” (STENGERS, 2017) e que não nos relegam à impotência, afirmando uma vitalidade e confiança no presente e futuro diante destes tempos desafiadores (DANOWSKI & VIVEIROS DE CASTRO, 2014; STENGERS, 2015; LATOUR, 2019).

Bibliografia

DADA, Faseyi Awogbemi; FREITAS, Glória. Dialogando com a semente de obi ou a floresta: um convite para conhecer um pouco da nossa tradição religiosa e cultura Yoruba. ClimaCom – Diálogos do Antropoceno [online], Campinas, ano. 5, n. 12. Ago. 2018 . Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/?p=9478
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia, vol. 4. Trad. de Suely Rolnik. São Paulo: Ed. 34, 1997, pp. 11-113. (Coleção TRANS).
EZCURDIA, José. Cuerpo, intuición y diferencia em el pensamento de Gilles Deleuze. Ciudad de México: Editorial Ítaca, 2016.
DANOWSKI, Débora; CASTRO, Eduardo Viveiros de. Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins. Desterro [Florianópolis]: Cultura e Barbárie: Instituto Socioambiental, 2014.
LAPOUJADE, David. As existências mínimas. São Paulo: n-1, pp. 43-59, 2017.
LATOUR, Bruno. Bruno Latour: “O sentimento de perder o mundo, agora, é coletivo”. [Entrevista concedida a] Marcs Basset. El País, 31 de março de 2019. Disponível em: https://brasil.elpais.com/…/internac…/1553888812_652680.html Acesso em: mar. 2019.
SOURIAU, Étienne. Los diferentes modos de existencia/ Étienne Souriau: prefácio de Bruno Latour; Isabelle Stengers. Trad. Sebastian Puente. 1a. ed.. volumen combinado. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Cactus, 2017.
STENGERS, Isabelle. No tempo das catástrofes: resistir à barbárie que se aproxima. Trad. Eloisa Araújo Ribeiro. São Paulo: Cosac Naif, 2015, pp. 91-99.
STENGERS, Isabelle. Reativar o animismo. Trad. Jamile Pinheiro Dias. Belo Horizonte: Chão de Feira. (Caderno de Leituras No. 62). 2017. Disponível em: https://chaodafeira.com/…/2017/05/caderno-62-reativar-ok.pdf Acesso em ago. de 2019.


Projetos:

– Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC) – (Chamada MCTI/CNPq/Capes/FAPs nº 16/2014/Processo Fapesp: 2014/50848-9)

– “Por uma nova ecologia das emissões e disseminações: como a comunicação pode modular a mais intensa potência de existir do humano diante das mudanças climáticas?” (CNPq).

– Revista ClimaCom: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/

Criação Sara Melo

 

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Criações participantes

 

MELO, Sara. Fototipia e Herbários Poéticos. ClimaCom – A Linguagem da Contingência [online],  Campinas,  ano. 6, n. 15. Ago. 2019 . Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/fitotipia-e-herbarios-poeticos

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SEÇÃO ARTE | A LINGUAGEM DA CONTINGÊNCIA | Ano 6, n. 15, 2019

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