Floresta água-viva

TÍTULO: Floresta água-viva


Aprender com a floresta a fazer mundos. Fazer que é sempre fazer-se. Mundos que dizem de toda uma potência selvagem de estar junto levada ao limite e desafiam um pensar aliado aos processos vitais. E fabular é vital! Pois que a capacidade fotossintética deixa de ser exclusividade das plantas para se tornar pura potência de produzir novos modos de existir, sentir e se relacionar, potência de implicar multiplamente, diferentemente e transversalmente o vivo. Onde podemos especular que uma árvore, um livro, um jardim ou um filme já são uma floresta, já são um coletivo aberrante de (in)visibilidades, sonoridades e silêncios, de naturezas e sobrenaturezas em emaranhados complexos. Onde podemos experimentar a evapotransrespiração como coprocessos fazedores de rios e mares por meios radicalmente distintos. E nos lançar a criar imageticamente uma floresta imersiva, de qualidades anamórficas, onde a relação fotografia-forma dá lugar à fotografia-intensidade, e acessamos não apenas informação, mas fluxos e vibrações. Um mundo-imersão no qual, como propõe Emanuele Coccia (2018), pensar e agir, trabalhar e respirar, mover, criar e sentir são inseparáveis.

 


Ficha técnica

Oficina realizada durante o 5o. EDICC – Encontro de Divulgação e Cultura a convite dos alunos do Mestrado em Divulgação Científica e Cultural Labjor-IEL-Unicamp

Concepção, coordenação e resumo: Susana Dias

Organização, oficina e criações: Andressa Boel; Angélica Lucía Mamián López; Carolina Scartezini; Glauco Roberto Silva; Érica Araium; Lavínia Rangel; Maria Rita Salzano Moraes; Maria Luiza Canela de Almeida; Rodrigo Reis Rodrigues; Thamires Mattos; Vaneza Macellari; Sara Melo; Susana Dias.

Fotos: Érica Araium, Carolina Scartezini, Susana Dias

Local: Praça da Paz – Unicamp

Data: 24/04 de 16:00 às 19:00

 


 

Esta atividade fez parte da proposta da disciplina “Arte, ciência e tecnologia” – MDCC-Labjor-IEL-Unicamp primeiro semestre de 2018

Disciplina: JC012 Arte, ciência e tecnologia

Professora – Dra. Susana Dias

Nesta disciplina experimentaremos as florestas como parceiras de pensamento e escrita, ou seja, a transformação das florestas em material de pensamento e escrita. Um pensar e escrever (seja por imagens, palavras, sons, tintas, corpos…) que busca se afetar pelos não-humanos – uma ênfase muito importante hoje dos estudos de ciência e tecnologia, nos estudos multiespécies, nas chamadas linhas de pensamento pós-humanistas. Trata-se de ganhar intimidade com as florestas, conviver com as coisas, seres, mundos e correr o risco de ser devorado por eles. Co-evoluir perto-dentro-junto às florestas, em que nada está só e tudo se converte numa complexidade viva, numa multirelacionalidade em constante transmutação. Talvez assim, acordar uma divulgação científica e cultural que prefere não falar sobre as florestas, mas antes propor-se como encontro com as potências-florestas. Pois que seria menos pensar em comunicar florestas já dadas, e mais um entrar em comunicação com florestas que estão (e precisam estar) em constante formação e movimento. Quem sabe, deste modo, nos tornemos dignos de que as florestas entrem em comunicação conosco, nos tornemos dignos de que elas proliferem por textos, fotografias, pinturas, esculturas, criações sonoras etc., em novas e originais emoções, em novos modos de existir e afetar. A disciplina será dividida em três blocos: 1. Da intimidade com os materiais; 2. Do aprender a pensar com a Terra; 3. Da atentividade e re-ligação com múltiplos modos de existência. Em cada bloco estão propostas leituras e encontros com práticas singulares de distintos ofícios (cineasta, escultor, cientista, babalorixá e ialorixá), pois nos interessam as artes, ciências e tecnologias – com minúsculas e no plural – envolvidas em um fazer. Trata-se de um enfoque mesopolítico (Stengers) em que o foco não são as abstrações e idealizações, mas as técnicas, procedimentos e materiais. Por isso as leituras serão experimentadas nas aulas não apenas através de uma conversa/debate, mas por meio da invenção de passagens incessantes entre o ler-falar-escrever-desenhar-pintar etc. durante a criação coletiva de composições sensíveis. Uma aposta na necessidade de colocarmos o corpo para pensar e escrever, de fazer corpo com as coisas-seres-mundos. Uma aposta que levamos a sério em nosso grupo de pesquisa multiTÃO e na revista ClimaCom. Uma aposta de quem trabalha com comunicação-divulgação para quem só faz sentido uma ideia de leitura ligada à escrita (ler é escrever), assim como uma ideia de escrita expandida, que passa não apenas pelas palavras, mas pelos mais diversos materiais e procedimentos, pelos mais diversos problemas.

Programa de Pós-Graduação Mestrado em Divulgação Científica e Cultural (MDCC) do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) e Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Grupo de pesquisa multiTÃO e Orssarara Ateliê

Projetos:

– Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC) – (Chamada MCTI/CNPq/Capes/FAPs nº 16/2014/Processo Fapesp: 2014/50848-9)

– “Por uma nova ecologia das emissões e disseminações: como a comunicação pode modular a mais intensa potência de existir do humano diante das mudanças climáticas?” (CNPq).

– “Imediações aberrantes: processos de pesquisa-criação entre artes, ciências e filosofia para experimentação da comunicação como ecologia de afetos” (Pibic-Faepex)

– Revista ClimaCom: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/

 

 

 

 

 

 

 

 

DIAS,  Susana (Org.) Floresta água-viva (oficina). ClimaCom – Inter/Transdisciplinaridade [online], Campinas, ano.  5, n. 13. Nov. 2018 . Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/?p=10154


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SEÇÃO LABORATÓRIO-ATELIÊ |INTER/TRANSDISCIPLINARIDADE|Ano 5, n. 13, 2018

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