Metodologia Nexus+ propõe abordagem integrada para tratar de vulnerabilidades relacionadas às mudanças climáticas | Gláucia Pérez

A preservação do meio ambiente, o desenvolvimento socioeconômico do país e a redução das desigualdades são considerados fatores relevantes para o estudo das mudanças climáticas e o aquecimento global na abordagem Nexus+. O estudo usando essa abordagem foi apresentado no Capítulo 3, sobre impactos, vulnerabilidade e adaptação à mudança do Clima no Brasil, na Quarta Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, com contribuição do INCT mudanças climáticas – 2ª fase.

Por | Gláucia Pérez

Editora | Susana Oliveira Dias

 

“Uma abordagem integrada implica em lidar com as contradições (trade-offs) e maximizar as sinergias entre as metas e objetivos das ações de adaptação. Deve-se equilibrar as ações para que o sucesso de um objetivo não leve à inviabilização de outro. O mesmo ocorre com as ações para mitigação da vulnerabilidade climática, e a abordagem Nexus+ pode auxiliar nesse sentido”. A pesquisadora Sônia Maria Viggiani Coutinho, Pesquisadora Colaboradora do Instituto de Estudos Avançados (IEA / USP) é uma das autoras do artigo “A Abordagem Nexus+ aplicada a estudos de impactos, vulnerabilidade e adaptação à mudança do Clima no Brasil” publicado em dezembro de 2020 na revista Sustentabilidade em Debate, em Brasília.

Tendo em vista que o Brasil viveu, no período de 2000 a 2010, um acelerado processo de urbanização pouco considerando os serviços ecossistêmicos, torna-se vital ter um conjunto de políticas públicas adequadas que sejam capazes de minimizar as causas diretas das mudanças climáticas e que atinjam todo o território nacional considerando as singularidades relacionadas às populações, às economias, aos diferentes biomas e ecossistemas e as características próprias de cada cidade.

Nesse sentido, é que a pesquisadora foi colaboradora do artigo “A Abordagem Nexus+ aplicada a estudos de impactos, vulnerabilidade e adaptação à mudança do Clima no Brasil”, publicado em dezembro de 2020 na revista Sustentabilidade em Debate, em Brasília. O foco desse artigo é a metodologia Nexus+, uma abordagem que visa integrar teoria e prática e apontar soluções para um problema extremamente complexo que envolve diferentes dimensões como o do aquecimento global. De acordo com esses pesquisadores o estudo pretende considerar o presente, e o futuro das mudanças climáticas na sociedade, mas principalmente os riscos e impactos causados pelas mudanças climáticas que poderão ser minimizados ou exacerbados, dependendo das ações efetivas consideradas e executadas.

Esquema da abordagem metodológica para análise de impactos e vulnerabilidades adotada para a 4CN
Fonte: Elaborada pelos autores

A desigualdade social foi um fator relevante para o estudo que considerando que a parte da população mais pobre está mais vulnerável às mudanças climáticas. Com isso a metodologia propõe que os meios de subsistência, a redução de risco de desastres e a proteção social devem estar garantidas e integradas à população com maior vulnerabilidade econômica e social. Indispensável também nessa abordagem é pensar a comunicação dessas mudanças climáticas. A palavra “segurança” no artigo é associada a metodologia para expressar a preocupação fundamental de garantir a disponibilidade dos recursos (água-energia-alimento), bem como a distribuição adequada a todos os setores da sociedade e o desenvolvimento econômico.

Ilustração da abordagem Nexus+
Fonte: Araújo et al., 2019, p. 64.

 

A abordagem Nexus+ foi desenvolvida por uma equipe interdisciplinar e visa, assim, afetar um maior número de setores e ambientes da sociedade. Contou com a participação de profissionais de diferentes instituições como: Instituto de Estudos Avançados/USP; Ministério da Ciência e Tecnologia, Inovações e Comunicações – MCTI; Centro de desenvolvimento Sustentável da UnB, Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais – CEMADEN; Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Instituto Federal de Alagoas, entre outros.

O estudo foi desenvolvido durante a “Quarta Comunicação Nacional e Relatórios de Atualização Bienal do Brasil à Convenção do Clima”, projeto esse coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações; com apoio do Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento; e com contribuição do INCT de mudanças climáticas – 2ª fase coordenado pelo pesquisador José Marengo do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais. (Link com a notícia completa em PDF)

Link para o artigo: https://periodicos.unb.br/index.php/sust/article/download/33514/28546/92687
Também participaram como autores desse artigo: Diogo V. Santos, Marcel Bursztyn, José Antônio Marengo, Saulo Rodrigues-Filho, André F. P. Lucena, Daniel Andres Rodriguez, Stoécio Malta Ferreira Maia