Manguezais de carnes e moscas para Adriana Varejão


Antonio Almeida da Silva[1]

– Seu Pedro, onde começa o mangue?

– Professor! Olhe o mangue! Não tem nem começo, nem fim: o mangue só tem meio!

(Diálogo com um velho pescador, na Ilha do Pinto, em Fortim, Ceará apud LINS, 2005).

 

Encenamos e performatizamos de forma impulsiva algumas escritas e composições de imagens e elementos da cultura, hibridizando e criando novas camadas de carne e pele às escritas com as obras da artista plástica Adriana Varejão.[2]

Instauremos um rito, que dispara um ritmo desejante de compor com as carnes, mares, mangues, palavras e imagens, um gesto barroco, quase performático de reivindicar nosso lugar no mundo, de proliferar pensamentos e escritas através da experimentação com as imagens.

Uma escrita “contaminada[3]” pelos encontros com a filosofia de Gilles Deleuze e Félix Guattari (1992 e 2012) e Deleuze (2002), especialmente os conceitos de “devir” “rizoma” e “afeto”, com os trabalhos da artista plástica, Adriana Varejão, intitulado “Carnes e mares” (2009) e a “Pele do tempo” (2005).

Nosso procedimento de escrita se faz pelo contágio, produzimos pensamentos e atravessamentos pelo encontro com a experimentação nas e com as obras, em constante exercício de não nomear, de não classificar, escapando de qualquer armadilha que nos capture e nos prenda à representação ou que enfatize o conceito.

Um encontro é talvez a mesma coisa que um devir ou núpcias (…). Encontram- se pessoas (…), mas também movimentos, ideias, acontecimentos, entidades. Todas essas coisas têm nomes próprios, mas o nome próprio não designa de modo algum uma pessoa ou um sujeito. Ele designa um efeito, um ziguezague, algo que passa ou que se não passa entre dois sob uma diferença potencial: (…) ‘efeito Kelvin’. Dizíamos a mesma coisa para os devires: não é um termo que se torna outro, mas cada um encontra o outro, único devir que não é comum aos dois, já que eles não têm nada a ver um com o outro, mas está entre os dois, que têm sua própria direção, um bloco de devir, uma evolução a-paralela (…), núpcias, sempre ‘fora’ e ‘entre’ (Deleuze; Parnet, 1998, p. 14-15).

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Figuras – Despacho para Varejão. Antonio A. Silva, 2017.

Para Deleuze (2012, p.20) “(…) Devir é um verbo tendo toda sua consistência; ele não se reduz, ele não se conduz a parecer, nem ser, nem equivaler, nem produzir”, ou ainda, no exemplo clássico da vespa que captura o código da orquídea em outro devir, o devir vespa da orquídea. O enquanto devir é ação infinita, afecto ou intensidades vibratórias, que permite a composição no plano molecular, pigmentos ou partículas de qualquer espécie.

“Às relações que compõem um indivíduo, que o decompõem ou o modificam, correspondem intensidades que o afetam, aumentando ou diminuindo sua potência de agir, vindo das partes exteriores ou de suas próprias partes. Os afectos são devires” (Deleuze e Guattari, 2012, p. 42).

Assim, afetados pelo devir carne, devir mosca, devir varejar, dispusemos uma oferenda para Iemanjá/Adriana Varejão para aliviar a fumaça que sopra nas nossas narinas[4] vestígios de uma recente colonização e suas histórias às margens. Em “carnes e mares” e a “Pele do tempo” Adriana Varejão abre seu laboratório da experimentação, a artista experimenta com o tempo, com a ilusão, cria um movimento contra histórico, resgatando histórias marginais, ocultas, esquecidas e negligenciadas pela história tradicional.

Parafraseando Walter Benjamin (1994), a artista escova a história a contrapelo, ou seja, constrói outra visão do passado que retira o conformismo e a inércia diante dos fatos, escovando assim a fumaça que paira sobre as nossas narinas. A artista olha o passado numa esperança de quem sabe o futuro vir a ser uma coisa diferente do sempre igual.

Dispomos as imagens da artista, livros, pedras, elementos do mangue como uma oferenda para ativar contágios entre corpos distintos, entre a palavra e fotografia, entre a fala e a performance, entre a escrita e a história.

As obras de Varejão se abrem para um ritual antropofágico sobre as camadas de carne e imagens que transfiguram um tempo inacabado. Tela-corpo, tinta-sangue se experimentam, múltiplas materialidades e linguagens rasga sua própria história, coexiste com a varejeira em um bloco de devir, cava a água, o sangue, o tubo de tinta e o calcário, não se torna mangue e não se mantém Adriana, entre a Adriana e a mangue habitam uma multiplicidade de gente, uma multiplicidade que está sempre à espreita, tal como uma mosca varejadora de histórias, que adentra as galerias do mangue. Mestiça animal-gente que constrói, desconstrói e reconstrói no embalar das ondas, nas forças que atravessam os materiais e o corpo da artista, ora gerando total repulsa, ora sedução, nesse enquanto infinito, ela sobrepõe temas, apaga o tempo, rasga e perfura a tela.

Experimenta através de co(rpo)m posições um culto misterioso. Carne exposta ao altar como uma oferenda, um desperdício em favor do prazer das moscas. Um gesto que não somente seduz as moscas, mas também atrai a todas as vidas que se interessam por carnes, peles e mares. Que tipo de escrita “Carnes e mares” e a “Pele do tempo” inventam e experimentam? O que tem de mangue? O que tem de carne nas obras de Adriana Varejão?

Adriana mergulha, especialmente, “Entre as carnes e mares” e “Pele do tempo”, e cria um novo verbo: Varejar. Tal como uma mosca varejeira que não desassossega nunca ao observar um pedaço de carne, encontrando no azul do mar sua insanidade, paz, brisa, tranquilidade e criação. Adriana varre estes símbolos para outro lugar. Aqui carne, pele e mar não se opõem, mas se complementam.

A carne brota da sua pintura como uma ferida aberta, deixa vazar algo que estava cravado e reprimido na tela, como se a pintura revelasse seus segredos e mistérios mais ocultos. A pintura talvez quisesse dizer do que ela é feita, ou mostrar sua violência, sua agressividade. Num desejo agonizante, periclitante de extirpar seus males e seus desejos.

Na série “Extirpação do Mal por overdose”, “Extirpação do Mal por incisura”, “Extirpação do Mal por revulsão” e “Extirpação do Mal por curetagem” (Varejão, 2009, p. 104-109), o que vemos não é uma iguaria discursiva, mas uma narrativa que se deixa circunscrever pela força expressiva da encenação e pela força quimera que desenraíza uma potência monstruosa, um desejo abortivo. Uma protrusão do corpo quimera, fruto do incesto entre as anomalias da história e das aberrações da colonização.

O exorcismo se faz pelo desejo de vazar e se materializar em outros corpos. Acende as velas e inicia um rito de passagem para permitir que nasçam outros desejos.

Prepara-se a água numa temperatura de 36 ºC. Prepara-se as imagens, a bandeja, tesouras, bisturi, pinça fórceps, emplastos, entre outros objetos cirúrgicos, ceda-se, anestesia-se, assepsia-se, contudo, antes tem que se gorar e curetar o mal e dar lugar à imanência. A vida espera por esse procedimento. O que está ao leito a agonizar é o desejo pelo devir, uma agonia feliz, que ao vibrar escapa da pele-tela.

Escapa da pele, são carnes e vísceras dispostas aos azulejos como uma oferenda às moscas. Carne exuberante, queremos tocá-la. Carne repugnante que nos repele, nos assusta, diante dessas contradições, a obra de Adriana Varejão inventa em nós uma escrita agonizante e varejeira.

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Há certa escrita do/com corpo nas obras de Varejão. Apesar desse laboratório de experimentação ser híbrido e polifônico, há um elemento que atravessa toda sua obra: o corpo, esteja ele disposto em pedaços, rasgado, borrado, dissolvido, esquartejado, desfigurado, metamorfoseando em telas, paredes, azulejos, pessoas e objetos. Varejão encena uma linguagem com o corpo. Um corpo do passado, corpo barroco, que atualiza-se, virtualiza-se dando outros contornos.

Um corpo exorcizado. O exorcismo se faz pelo desejo de vazar e se materializar em outros corpos. Uma pintura que quer ter um corpo, mas não o possui. Resta à pintura, nesse momento, apenas a opção por serem fragmentos de vísceras e sangue.

Nas ruínas do charque[5], algo sempre escapa da história, é através dessas fissuras da história que a obra de Adriana Varejão abre na carnadura nossa memória asséptica, contaminando as histórias ingênuas e românticas com feridas e vísceras, dando outros rumos às narrativas do presente e do passado e nas diferentes temporalidades que constantemente nos atravessam.

O que esse artigo propõe é acessar a obra com nossa própria história, inventar outras narrativas com a nossa pele, nossa carnes e mares. Propondo-nos uma experimentação escrita duvidosa e às vezes precária, tal qual uma escrita em ruína, “mais vale converter tudo em ruínas e assim abrir caminho para o novo” (Duarte apud Varejão, 2005, p.14).

É na precariedade dos materiais, que se apresentam de forma arbitrária, que o ente-artista aposta nas narrativas e (des)arranjos mais ilustres.

“Tudo para tratar do intangível, inexorável à condição, às formas, às manifestações humanas e o próprio homem em sua relação com as coisas” (Queiroz apud Varejão, 2005, s/p).

Uma escrita em estágio de putrefação, o próprio mangue como um texto. O mangue existe, e resiste a uma falsa ideia de desorganização e precariedade, ele se inventa o tempo todo. O mangue é rizomático, se espalha por todos os lados, cria e prolifera seres distintos através dos seus canais subterrâneos.

O rizoma que é meio, intermezzo, inter-ser, que não tem alto nem baixo, nem começo nem fim: um ponto do rizoma é conectado a todos os outros pontos, fazendo da escola um imenso manguezal que se espraia num entrelaçamento de proteínas, calorias, gazes, lama, gozos, prazeres, detritos e… ouro (o caranguejo, em particular, e os crustáceos, em geral, são o ouro dos mangues), esquecimento ativo e devires, sem simbiose nem filiação, mas alianças, intercessões, vizinhanças (Lins, 2005, p.1241).

Encontros entre mangue e carne, pele e mares abrem possibilidades para pensar nos fluxos rizomáticos que escapam do pensamento vertical para brotam relações horizontais entre arte, filosofia e escrita.

Oposto à árvore, o rizoma não é objeto de reprodução: nem reprodução externa como árvore-imagem, nem reprodução interna como a estrutura-árvore. O rizoma é uma antigenealogia. É uma memória curta ou uma antimemória. O rizoma procede por variação, expansão, conquista, captura, picada. Oposto ao grafismo, ao desenho ou à fotografia, oposto aos decalques, o rizoma refere-se a um mapa que deve ser produzido, construído, sempre desmontável, conectável, reversível, modificável, com múltiplas entradas e saídas, com suas linhas de fuga (Deleuze; Guattari, 2000, p. 32-33).

Somente o mangue com os seus canais poderá abrir a terra para outras ocupações oceânicas, assim, a superfície ciência, arte e filosofia, já não mais é a mesma dado ao encontro de forças da natureza e pelo embate constante entre terra e o oceano. O mar quer engolir a terra e o mangue, espalhando suas inúmeras ilhas de afeto, cabe a terra e o mangue persistirem sob o mar engolindo e consagrando e incorporando suas intensidades em sua superfície. Um povoamento mangue-nômade de nossa própria morada, inventar assim, uma potência exploratória e inventiva para com as forças sensoriais, subjetivas e existenciais.

“(…) é sempre também um estilo de vida, de nenhum modo algo pessoal, mas a invenção de uma possibilidade de vida, de um modo de existência (…). São os estilos de vida, sempre implicados, que nos constituem de um jeito ou de outro” (Deleuze; Parnet, 1998, p. 125-126).

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Apresentamos nesses territórios, galerias e espaços desse imenso laboratório de experimentação com as imagens, fluxos de imanência capturados pelos diferentes encontros com as obras de Adriana Varejão por meio da sensação, da experimentação com diferentes materialidades da natureza, aqui entendemos que a imanência é algo inseparável de uma experiência, ato de experimentar que se realiza na reinvenção de outra ordem, de outro mundo por meio da arte. “Pois que inventar aumenta o mundo” (Barros, 2007, p.29).

“Território se define pela experiência de procurar e traçar um lugar, uma espacialidade, e essa experiência se constitui como efetuação e expressão de múltiplas forças e agenciamentos” (Santos, 2013, p.65).

Mangue com seus devires animais, devires vegetais, devires minerais, devires subterrâneos, etc. Como explicar um território, se não for pela lista de seus afetos?

O mangue é todo afeto e está aberto aos afetos dos outros: afetos marítimos, afetos rios, afetos cidades. Afetos cravados na rocha, na lama, nas águas; são afetos minerais, vegetais, animais e por vezes humanos.

O mangue e as obras da Adriana Varejão se contaminam e ao mesmo tempo se relacionam entre as noções e afinidades dos afetos.

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É de toda a arte que seria preciso dizer: o artista é mostrador de afectos, inventor de afectos, criador de afectos, em relação com os perceptos ou as visões que nos dá. Não é somente em sua obra que ele os cria, ele os dá para nós e nos faz transformar-nos com ele, ele nos apanha no composto. (Deleuze e Guattari, 1992, p. 227-228).

Para Deleuze e Guattari os afetos se expressam através de sensações, que vão além das nossas percepções que remetem a um objeto ou referente. Nesse sentido esse conjunto de sensações pode ser entendido como perceptos.

Se a semelhança pode impregnar a obra de arte, é porque a sensação só remete a seu material; ela é o percepto ou o afecto do material mesmo. […] E, todavia, a sensação não é idêntica ao material, ao menos de direito. O que se conserva, de direito, não é o material, que constitui somente a condição de fato; mas, enquanto é preenchida esta condição (enquanto a tela, a cor ou a pedra não virem pó), o que se conserva em si é o percepto ou o afecto. (DELEUZE e GUATTARI, 1992, p. 216).

Os encontros com as obras de Varejão nos invadem por todos os lados de afetos. São afetos deixados pelo vento, desejos subterrâneos e rizomáticos, com suas raízes pneumatóforas inventam outros modos de vida, buscando oxigênio a todo custo na superfície. Suas criações anti-narrativas oscilam entre o real, ficcional, plural, apresentando relação instáveis e incômodas entre sujeito, cultura e natureza.

Nesse barroquismo todo que essa escrita-artigo experimenta um procedimento antropofágico, onde mistura mangue com carne, mares, pele e imagens trazendo como um banquete-oferenda outros pensamentos e experimentações com a arte e a filosofia. Inventamos inquietantes formas de dizer, criar conexões e novas existências com a arte. Nas diferentes produções, a artista instaura e habita um mangue primitivo, sensitivo, delicado, sensorial, insubmisso, subversivo, crítico e ao mesmo tempo criativo.

Bibliografia

BARROS, Manoel. Retrato do artista quando coisa. 3. Ed. Rio de Janeiro, Record, 2007.

BENJAMIN, Walter. A pequena história da fotografia. In: Magia e técnica, arte e política – ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet; Prefácio Jeanne Marie Gagnebin.7ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Obras escolhidas; v. 1), p. 91–107.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. O que é a filosofia? Rio de Janeiro: Editora 34, 1992.

_____________. Mil platôs – capitalismo e esquizofrenia, vol. 4. São Paulo: Ed. 54, 2012.

DELEUZE, G. A dobra, Leibniz e o barroco. 2. ed. Trad. Luiz B. L. Orlandi. Campinas: Papirus, 2000.

DELEUZE, G.; PARNET, C. Diálogos. Trad. Eloísa Araújo Ribeiro. São Paulo: Escuta, 1998.

LINS, Daniel. Mangue’s school ou por uma pedagogia rizomática. Educação & Sociedade, Campinas, v. 26, n. 93, p. 1229-1256, set./dez.2005. Disponível em http://www.cedes.unicamp.br, 15 fevereiro de 2018.

SANTOS, Zamara Araujo dos. A Geofilosofia de Deleuze e Guattari. Campinas: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. Tese de Doutorado em Filosofia. 2013.

STENGERS, Isabelle. Reativar o animismo. (Trad. Jamile Pinheiro Dias). Chão da Feira. Belo Horizonte, 2017. Disponível em: http://chaodafeira.com/cadernos/reativar-o-animismo. Disponível em 10 de fevereiro de 2018.

VAREJÃO, Adriana. Entre carnes e mares. Between flesh and oceans. Rio de Janeiro: Editora de Livros Cobogó Ltda, 2009.

_____________. Pele do tempo. Luisa Duarte. São Paulo: Base7 Projetos Culturais, 2015.

Recebido em: 15/02/2018

Aceito em: 15/03/2018


[1]Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Mestre em Educação pela Universidade de Sorocaba. E-mail: almeida.uefs@gmail.com

[2] A escrita acontece pelas relações e afetos trazidos durante as “Imediações aberrantes” – no grupo “Conexões entre manguezais e (des)territórios (des)conhecidos” durante o VII Seminário Conexões, realizada no espaço Lume – Campinas-SP, em novembro de 2017.

[3] Contaminada – tal qual dizem os yanomamis para falarem quando estão apaixonados por alguém ou alguma coisa.

[4]Fazemos referência ao texto de Isabelle Stengers (2018), quando fala que em nome de certo entendimento de verdade muitas bruxas morreram queimadas. “A fumaça das bruxas queimadas ainda paira nas nossas narinas”. A autora menciona que em algumas vezes é necessário reativar essa fumaça para pensarmos nas decisões que estamos tomando.

[5]Fazemos referência à série “Ruína de charque” de VAREJÃO, 2009, p. 237-253.

 

Manguezais de carnes e moscas para Adriana Varejão

 

RESUMO: Inventamos outra maneira de coabitar nas obras de Adriana Varejão, entramos na obra como se estivéssemos invadindo um mangue, com seus devires subterrâneos e repletos de galerias da memória e do tempo, onde podemos nos afundar na lama das histórias do presente e passado e das diferentes temporalidades que nos atravessam e ao mesmo tempo criar novas narrativas mais aeradas de vida. As obras de Varejão se abrem para um ritual antropofágico sobre as camadas da carne, pele e imagens que experimentam múltiplas materialidades e linguagens. Somos “contaminados” por um processo estético e experimental de escrita atravessados pelos encontros com a filosofia de Gilles Deleuze e Felix Guattari (1992 e 2012) e Deleuze (2002) com os trabalhos da artista plástica Adriana Varejão, intitulados “Carnes e mares” (2009) e a “Pele do tempo” (2005). Nosso procedimento de escrita se faz pelo/com afeto, o que produz pensamentos e atravessamentos com a experimentação através das obras.

PALAVRAS-CHAVE: Adriana Varejão. Maguezal. Filosofia.


 

Mangrove of flesh and flies for Adriana Varejão

 

ABSTRACT: We invent another way of cohabiting the works of Adriana Varejão. We go into her work as if we were entering a mangrove, with its underground upcomings filled with galleries of memory and time, where we can submerge amidst mud stories of past and present and different temporalities that cross us through and, at the same time, create more aired new life narratives. The works of Varejão open up to an anthropophagic ritual on layers of flesh, skin and pictures that experience multiple materialities and languages. We get “infected” with a aesthetical and experimental writing process that is crossed by encounters between the philosophy of Gilles Deleuze, Felix Guattari (1992; 2012) and Deleuze (2002) and the works of plastic artist Adriana Varejão, entitled “Entre carnes e mares ” (2009) and “Pele do tempo” (2005). Our writing procedure is constructed by/with affection, which lifts up thoughts and crossings through experimentation inside her works.

KEY WORDS: Adriana Varejão. Mangrove. Philosophy.


SILVA, Antonio Almeida da. Manguezais de carnes e moscas para Adriana Varejão. ClimaCom – Ecologias Radicais [Online], Campinas, ano 5,  n. 11,  abr.  2018 . Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/?p=8713