Livros

Annelise Estrella, Claudio de Melo Filho, Flora Villas Carvalho, Isabela Domingues Oliveira e Susana Dias (orgs.)


SOBRE O LIVRO

Do ventre das coisas saem fluxos inomináveis. Observar as coisas é seguir as coordenadas das complexas existências dos humanos na Terra. Acessar os modos como as coisas estão emaranhadas às vidas dos humanos. Não são meros produtos, nem meros objetos inertes, são parte dos humanos. São parte de uma história de exploração e degradação da Terra. Há coisas demais, dispensáveis, acessórias, fúteis. Mas as coisas são, também, parte de uma história de aprendizados e cuidados com a Terra. Há muitas coisas eficazes, imprescindíveis, vitais. Mas mesmo estas parecem nos pedir uma atenção criteriosa e diferenciada. Isso porque é urgente transmutarmos nossas relações com as coisas. Repensarmos os materiais de que são feitas, a natureza e condições do trabalho envolvidos em sua criação, o seu tempo de vida, a relação coisa-desejo, o destino das coisas quando não mais convivermos com elas… Repensarmos, enfim, a nossa relação com as coisas. Assumirmos que as coisas são extensões de nossos corpos, são companhias (Haraway, 2019) de nossas práticas, dependem de processos responsáveis para que possam retornar de onde vieram, da terra.

Neste livro-exposição propomos pensar essas questões inventando um diálogo entre artes, literatura, filosofia e arqueologia para experimentar uma perspectiva “terrana” das coisas. É de Bruno Latour (2014; 2020) que trazemos esse termo para propor uma relação com as coisas fora dos circuitos capitalistas predatórios, antes de uma separação entre humanos e coisas. A lida com as coisas para a confecção do livro-exposição cria uma outra duração para as relações, convida a levar a sério nossa existência compartilhada com as coisas e pensar em um contínuo entre terra, coisas e humanos que precisa ser cuidado. No percurso de leitura do livro, há fotografias das coisas que acompanham cada um – as próprias fotografias também como coisas que nos acompanham -, coisas que vão sendo redescobertas a partir de uma arqueologia fabular cuja vontade é pensar e criar novos acordos com as próprias coisas – para além de descobri-las e revelá-las ao público.

O convite é, portanto, para que nas grandes ou miúdas coisas vejamos poesia. Nesse movimento, quem sabe, vermos surgir gentes feitas de lama e poeira, conectadas a esta Terra.


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AUTORES

Ana Paula Valle Pereira, Ana Oliveira Rovati, Annelise Estrella, Bianca Peter, Bruno Novaes, Cláudio de Melo Filho, Danielle Cristina, Déa Trancoso, Diego Leal, Emanuely Miranda, Evelin Fomin, Enrico Cândido, Fábio Portugal Sorrentino, Fernanda Oliveira, Flora Villas, Giulia Losnak, Gláucia Pérez, Isabela Domingues Oliveira, Jhenifer Silva, Júlia Palhardi, Kris Oliveira, Laís de Paula Pereira, Larissa Bellini, Lucia Estevinho, Mariana Vilela, Mateus Bravin, Mauricio Simionato, Milena Bachir, Milena Bento, Mônica Pasini, Néliane Catarina Simioni, Patricia Forestieri, Priscila Jácomo, Rafael Martins Revadam, Ricardo Loiola, Silvia Cipriano, Susana Dias, Vanessa Eyng, Wallace Fauth.


Este livro foi uma criação feita na primeira parte da disciplina Literatura, cultura e sociedade, oferecida por Susana Dias no primeiro semestre de 2021, no Mestrado em Divulgação Científica e Cultural, do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) e Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Participaram da organização do livro artistas e pesquisadores do grupo multiTÃO: prolifer-artes sub-vertendo (Labjor-Unicamp) ciências, educações e comunicações e do ACTLAB – Laboratório de Pesquisas em Arte, Ciência e Tecnologia (IA-Unicamp).

 

 


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