Extrativismo, conhecimentos indígenas e C&T em foco na Amazônia acriana

Combinar ciência e tecnologia com conhecimentos tradicionais é o desafio que movimenta a 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Reprodução Revista ComCiência

Por: Michele Gonçalves

Combinar ciência e tecnologia com conhecimentos tradicionais para promover o uso sustentável e sustentado dos recursos naturais da maior floresta tropical do mundo é o desafio que movimenta a 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O evento, que começou no dia 21, vai até dia 27 de julho na Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco, Acre.

A SBPC Indígena e a SBPC Extrativista, que têm programação própria paralela à científica, propuseram encontros entre os povos que dividem a fronteira amazônica na região acriana, bem como entre especialistas em extrativismo, sobretudo de borracha e óleo de copaíba. A ideia central é discutir como a aliança entre ciência, tecnologia e conhecimentos tradicionais pode minimizar as históricas desigualdades sociais da região e promover efetivamente uma Amazônia de e para todos os brasileiros.

O foco das discussões sobre extrativismo é no chamado mercado verde e nas populações tradicionais, e nesse contexto, debaterá estratégias de agregação de valor aos produtos do extrativismo local em consonância com as técnicas tradicionais de manejo e extração desses recursos, além de lançar discussões sobre políticas públicas e negócios sustentáveis para a região. Na programação indígena, o tema principal é o rompimento de fronteiras, e para abordá-lo a proposta é que os saberes dos povos da floresta sejam amplamente discutidos e problematizados, através da promoção de encontros temáticos das variadas etnias habitantes da região amazônica transfronteiriça.

Segundo o reitor da UFAC, Minoru Martins Kinpara, a SBPC simboliza, para o estado do Acre, um encontro único de variadas dimensões, “entre a tradição e o modo científico validado pela ciência moderna”. Além das atividades voltadas aos conhecimentos tradicionais, o evento conta com programação científica e sessões de apresentação de trabalhos. Traz, ainda, uma programação inteiramente direcionada aos estudantes dos ensinos fundamental e médio, a SBPC Jovem, além de atividades culturais bastante intensas com apresentações de dança e música regionais, recital de poemas, mostra de filmes, venda e exposição de artesanatos locais, exposição e degustação de frutas típicas da região, feira de comidas também típicas e a presença de etnias regionais mostrando seus costumes em pequenos rituais de apresentação.

*Michele Gonçalves está cobrindo a 66ª Reunião Anual da SBPC como parte das atividades da Sub-rede Divulgação Científica e Mudanças Climáticas da Rede CLIMA e do INCT para Mudanças Climáticas.