Dossiê “Devir criança – o ingovernável da vida”

| ano 7, n. 18, 2020 |

| EDITORIAL | 

O Dossiê Devircriança: o ingovernável da vida, décimo oitavo dossiê da revista Climacom, embala uma ode à alegria, a qual afirma tudo que chega, tudo de ingovernável e imprevisível da vida, arrastando os ideais da existência. Composto por escritas, imagens, ensaios, vídeos, frames, garatujas, verbetes, disseminam o que pode o contágio de um devircriança do e no mundo, proliferando éticas que tomam o meio como princípio, num combate sem inimigos e fazendo casa com a entrega de se estar onde se está. Por outro lado, o Dossiê explora também os devires de uma criança em sua singularidade, testemunhado por muitos meios e modos. Em sua força de viver, aventura-se com seu poder de se conectar simbioticamente com o que quer seja, posto que ela mesma é inseparável de moléculas de água, do mar, da terra, dos galhos e ventos – microscópicas, orgânicas e inorgânicas partículas que entram em fluxo e se transformam. A boa notícia é que há sempre uma criança molecular em nós, que pode se comunicar com o elementar e o cósmico, com o material e o imaterial, humano e não humano, capaz de ativar a superfície de um corpo perene aos movimentos das coisas-e-seres-do-mundo. O Dossiê foi, então, contaminado por uma multiplicidade: composições de escrita que perambulam por encontros fortuitos com crianças e imagens de artistas; processos teóricos sobre as infâncias possíveis, expondo uma pedagogia das misturas e alianças; mães que inventam por linhas coloridas a possibilidade de novos encontros com seus filhos; fotografias que dizem do encontro entre uma mãe e sua filha, que nascem para viver (e não para morrer); escritas que encontram nas nuvens de uma infância vivida, as linhas – criadoras – de futuro; a percepção-criança dos encontros em meio uma pandemia mundial; a mesma pandemia que produz intervalos e palavras, quando embaladas por noções filosóficas de infância; oficinas corporais que, ao se aninhar com o conceito de devircriança, instaura processos de experimentação em educação; uma cartografia afetiva de crianças do movimento dos sem terra; ensaios que se arriscam em por a ver o que não vê (o que aprende no encontro com linhas, animais, plantas, vozes crianças); pontos de vista ético-estético-político-ecológicos de um modo de existir-crianceiro; exercícios de pensamento tomados pelo encontro entre zonas de silêncio, corpo e sala de aula; ecos ancestrais e milenares vestidos de gestos de uma mulher; florestas que se ameninam em cores, movimentos e sons; conversação com filmes; encontro entre peles, conchas e mordidas; brincadeiras visuais que ‘animam’ objetos, alimentos, personagens; fragmentos fabulatórios girando com a imbricação entre imagens e literatura; chamados de um arvorecer-criança, que nos põe a aprender com um coletivo de artistas; fotografias e textos que aguam o Dossiê, honrando a orixá cuidadora das crianças.

Não cansaremos de polinizar o convite incessante de um retorno, sempre que possível, às aberturas que uma criança nos deixa, para explorar o contínuo nascimento das coisas, improvisando linhas, movimentos, gestos, sons, novas relações de atenção em contato com o mundo. Um convite a curtir a presença, a ativar rastros de escuta, demorar-se na ideia de correr riscos e de aprender, sabe-se lá com o quê.

Alice Copetti | Editora

 

Sumário | Dossiê “Devir criança – o ingovernável da vida” |

| Ano 7, n. 18, 2020 |

SEÇÃO PESQUISA

Artigos

A potência do método de perguntas e respostas em Pina Bausch: deslocamentos em educação

Fernanda Monteiro Rigue e Ana Paula Parise Malavolta

O vídeo como dispositivo contra-hegemônico e a criança como utopia

Renata Sieiro Fernandes

O processo de reflexão da prática docente no uso de metodologias ativas: narrativas de experiências nos anos iniciais do Ensino Fundamental

Lygia Nascimento de Almeida

devircriança como trama no processo de pesquisa

Tabta Rosa de Oliveira

Covid-19 na voz das crianças: impactos e desafios

Narda Helena Jorosky

Flavia Cristina Oliveira Murbach de Barros

Composições lúdicas entre crianças, jovens, adultos e natureza

Juliana Araujo Silva

Elizabeth M.F.A. Lima

O garatujar como ação molecular: devires que arrastam linhas de escrita…

Monalisa Romanesi Santos, Francieli Regina Garlet e Vivien Kelling Cardonetti

Quando o sol é tão forte como um mel: experimentações de existir – escrever, pensar, comunicar –  com crianças

Alice Copetti Dalmaso

Notas de estudos sobre devircriança, linguagem e tempo: “o tempo muda”

Angélica Neuscharank

 

ENSAIOS

Uma crônica fantástica

Mariana Vilela

Barulho

Vitória Moro Bombassaro

Estou me contaminando com as peraltices das crianças… a Educação Infantil como território de inspiração de um corpo poético

Fernanda Ferreira de Oliveira

“Criançar o descriançável”: a transicionalidade da  infância e o paradoxo da proteção-liberdade

Maria Cristina Gonçalves Vicentin

 

SEÇÃO ARTE

ARTES

Uma criança em devir 

Cristian Poletti Mossi e Aline Nunes

Mordida

Mariana Rocha

Mínimos

Amanda Mauricio Pereira Leite

Habitantes da margem da casa

Laís de Paula Pereira

Corpos insuflados 

Rosana Torralba

Arte na espreita e na espera… Poéticas na Quarentena! 

Bené Fonteles

Doido Lelé

Ceci Alves

Território do brincar

David Reeks e Renata Meirelles

DUPLICA-ME: Estilhaços imagéticos através do espelho

Ana Claudia Barin

Água-cura: uma homenagem a Ọ̀ṣun

Oba Ojele Obàtálá Agbaye e Susana Dias

 

LABORATÓRIO-ATELIÊ 

Arvorecer de casa em casa

Coletivo Arvorecer

Infâncias e suas conexões com as naturezas rurais

Samara Facco

Infâncias na cidade: imagens & experiências

Grupo Carta-imagem

Floresta menina

Susana Dias, Alda Romaguera e Mauro Tanaka

Gestos ancestrais

Marli Wunder

 

SEÇÃO LIVROS

Na pele do mundo – educações ambientais

Leandro Belinaso e Davi de Codes (orgs.) | 2020

 

Conversas infinitas

Susana Dias, Renato Oliveira e Fernanda Pestana (orgs.) | 2020

 

SEÇÃO JORNALISMO

O que se pode aprender com as florestas sobre comunicação?

Coprodução e a natureza especulativa das modelagens computacionais nas pesquisas em mudanças climáticas

Quarentena reduz poluição atmosférica, mas impactos das mudanças climáticas são tímidos 

Por Camila Ramos

 

PRÓXIMOS DOSSIÊS | CHAMADAS ABERTAS

Epidemiologias

Editores | Kris de Oliveira (IFCH/Unicamp) e Daniela Manica (Labjor/Unicamp)

Submissões até 30 de outubro de 2020

 


FICHA TÉCNICA

Dossiê “Devir criança – o ingovernável da vida”

Editora | Alice Copetti da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Editoração | Carolina Rodrigues e Thamires Elizeu

Curadoria seções de Arte e Laboratório-Ateliê | Susana Dias

Revisão | Carolina Rodrigues

Capa | grupo multiTÃO

Grupos | Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação FIANDAR | multiTÃO: prolifer-artes sub-vertendo ciências, educações e comunicações (CNPq)

Rede de Pesquisa | Divulgação Científica e Mudanças Climáticas

Instituição |Depto de Metodologia de Ensino-MEN (UFSM) | Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor-Unicamp)

Pós-graduação | Programa de pós-graduação em Divulgação Científica e Cultural

Projetos | Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC 2a. Fase) – (Chamada MCTI/CNPq/Capes/FAPs nº 16/2014/Processo Fapesp: 2014/50848-9)