Aberrant sky watcher chart

Título: Aberrant sky watcher chart (Arquivo Nuvens – Projeto Fractosferas)


Resumo: Há nuvens por todo canto! É o que nos diz esta carta de observação de tempos aberrantes. Uma carta que dá atenção aos céus através de uma imersão na vida de nuvens bastante incomuns e enredadas.Imersão que exige um dispor-se a inventar relações com algo que não cessa de nascer a partir das mais diversas interseções entre números, linhas, gráficos, letras, papéis, tecidos, lâmpadas, fotografias,tintas, linhas, lãs, fumaças… O que a carta quer é ter as nuvens como parceiras, para que o vivo continue em movimento, conectando práticas e modos heterogêneos de pensar e criar sem hierarquizá-las. Recolhendo a eficácia do gesto científico de classificar as nuvens que não fixa nem homogeniza, mas dá expressão a uma potente anarquia ecológica e a acontecimentos simbióticos que ganham vida entre modos particulares de existência (tipos de nuvens).


Title: Aberrant sky watcher chart (Clouds Archive – Fractospheres Project)

There are clouds everywhere! That is what this chart or letter of observation of aberrant times tells us. A chart that focuses on the sky through an immersion in the life of very unusual and entangled clouds. Immersion which requires a willingness to invent relationships with something that does not cease to be born from the most diverse intersections between numbers, lines, letters, papers, tissues, lamps, photos, paints, paintings, wool, smoke… What the chart wishes is to have the clouds as partners, so that the living continues moving, connecting heterogeneous practices and modes of thinking and creating without hierarchizing them. Collecting the efficacy of the scientific gesture of classifying clouds that does not fix or homogenize, but gives expression to a potent ecological anarchy and to symbiotic events that come to life between particular modes of existence (types of clouds).

Concepção e criação/ Idea and creation: Susana Dias e Sebastian Wiedemann

 


Arquivo Nuvens

Nesta nova série de mesas de trabalho da ClimaCom – iniciativa do grupo multiTÃO e Orssarara Ateliê – propomos encontros com as nuvens por senti-las e pensá-las como intercessores fundamentais diante das mudanças climáticas. O medo que se instaura frequentemente diante de sua aparição tempestuosa (inundações) ou de seu sumiço aterrador (secas), nos colocam diante da questão política urgente de estarmos preparados para o que vem. E se a resposta surge rapidamente – “É preciso juntar forças para resistir ao que vem” – talvez seja preciso enfrentar a desaceleração gerada por perguntas que retornam em ondulações insistentes: “como?”, “o que pode vir a ser juntar forças?”, “o que vem?”. Nesta proposta concebemos as nuvens como forças que, como o sol, uma montanha, os musgos, os caranguejos e os corais, não podem ser excluídas de nossas buscas por inventar novos modos de “juntar forças”, de “resistir” e de estar aberto ao “que vem”. Criar alianças do que vem de outros reinos, de um reino diverso, e investir em campos de atração entre ciências, artes e filosofias, que abrem um entre-reinos. Não sabemos o que pode uma nuvem e, nesse sentido, é que nos lançamos na criação de uma coleção de existências particulares delas. “Arquivo Nuvens” é  feito de taxonomias flutuantes e amostragens leves, recolhidas em nossos movimentos de segui-las, tanto nos céus, quanto nos livros, de acompanhar seus processos de des-aparição nas notícias, nos laboratórios, nos congressos científicos, nos filmes, exposições etc. Um arquivo generativo em morfogênese constante, cuja gravidez dá lugar a novas linhas de força gravitacional, e nos coloca a pergunta: O que é gravitar sem centro? Talvez seja isso o que as nuvens possam nos ensinar com sua gravidez pluri-vital e pluri-dimensional. Uma nuvem pode estar composta por sensações como nas instalações “Lágrimas de São Pedro” de Vinicius S.A. <https://www.flickr.com/photos/viniciussa/> e nos projetos “Cloud Cities” e “Cloud Cities/Flying Garden” de Tomás Saraceno <http://tomassaraceno.com/projects/cloud-cities-flying-garden/>. Uma nuvem pode ser a invenção de uma nova percepção, uma flutuante, gasosa e leve que desconhece coordenadas ou ancoragens, como no filme “La region centrale” de Michael Snow. Uma nuvem também pode estar composta por dados e modelos matemáticos e nos colocar a pergunta pela mineração, pelo cálculo e controle. Ou até mesmo estar composta por entidades infinitamente minúsculas e sutis e nos lançar ao desafio de fazer delas uma força de um futuro incalculável, que pode ganhar uma expressão precisa tanto estatisticamente, como num poema ou ensaio filosófico. Uma nuvem pode se formar e participar de ciclos e sistemas a partir de complexas teorias de povos indígenas e dos cientistas que se dedicam a sua microfísica. Queremos gerar intercessões entre essas nuvens e investir num arquivo vivo, que sai da caixa, da gaveta, e que se lança em performances nas ruas, se transmuta em ensaios fotográficos, se verte em animação, se prolifera e condensa em encontros com convidados das mais diversas áreas. Um arquivo como plano de errâncias e heterogêneses, que se abre furioso como a caixa de Pandora, desatando as forças que fazem do ser-nuvem, uma vibração impessoal, um acontecimento nutrido pelos mais diversos movimentos de concrescência e preensão ou de devir e transição, onde tudo se torna causa eficiente para atingir uma potencialidade real.

 


Concepção, organização e coordenação “Arquivo Nuvens” e Projeto “Fractosferas”

Susana Dias e Sebastian Wiedemann

Grupo multiTÃO e Orssarara Ateliê

 

Projetos: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC) – (Chamada MCTI/CNPq/Capes/FAPs nº 16/2014/Processo Fapesp: 2014/50848-9); Mudanças climáticas em experimentos interativos: comunicação e cultura científica (CNPq No. 458257/2013-3); Sub-projeto “Sub-rede Divulgação científica” da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (convênio Finep/ Rede Clima 01.13.0353-00).