A onda do filme-catástrofe “O impossível”

A história real de uma família espanhola que sobreviveu ao tsunami na Tailândia em 2004 virou filme em 2012, com direção do espanhol Juan Antonio Bayona. “O impossível” (The impossible) coloca em cena a tragédia que matou quase 230 mil pessoas e desabrigou mais de um milhão e meio não apenas na Tailândia, mas também na Indonésia, Sri Lanka e Índia.

O foco está na superação de um casal e seus três filhos (no filme, trata-se de uma família inglesa) que, em vez de se desligarem dos problemas cotidianos em um resort de luxo na beira da praia, lutam para sobreviver à devastação, ao desespero e ao impossível causados por uma catástrofe que desestabiliza comunidades inteiras.

Terror, desespero e emoção são trazidos à tona por efeitos especiais convincentes, mas, para o historiador Alex Von Tunzelmann, do jornal britânico The Guardian, o filme retrata o desastre ocorrido no Sudeste Asiático de um ponto de vista europeu, sem dar fôlego à tragédia das populações locais. Sobre esse ponto de vista, coloca-se a questão: os apelos redundantes que marcam os filmes-catástrofe – tais como a oposição instituída entre desastre/superação – seriam vencidos ou ultrapassados se a população local tivesse sido privilegiada pelo filme?

“O impossível” nos provoca a pensar como a experiência da catástrofe é aquela da mais profunda e radical desorganização do visto, do conhecido, do vivo, das relações que se tinha como certas e inabaláveis: literalmente tudo sai fora do lugar e se avizinha das maneiras as mais absurdas, improváveis, segundo os efeitos que se desdobram.

O que resta quando o que se vê não faz mais sentido?

Ficha técnica

O impossível, 2012. Direção de Juan Antonio Bayona. EUA, Espanha.
Trailer oficial: https://youtu.be/PWzSHNrl7u4

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