Floresta de luz: laboratório de botânica especulativa

Título: Floresta de luz: laboratório de botânica especulativa (Projeto Fractosferas)


Resumo: A natureza não é nem um dado, nem um plano de fundo sobre o qual agimos. Partimos da inutilidade de dicotomias como natureza/cultura ou mesmo orgânico/inorgânico.  Acreditamos antes que estamos submersos num fluxo de experiência pura (James) e co-criação infindável com o cosmos. Um dobrar-desdobrar fractal, onde na ausência de qualquer centralidade humana, fluxos vitais e processos de morfogênese constante tomam lugar para que a matéria possa ser modulada e individualizada sem resquícios de subjetivação. Então nos perguntamos por como complicar a matéria-floresta. Já Latour nos lembra de que as ciências podem fazer isso na passagem de incessantes cascatas de procedimentos que, por exemplo, podem tomar lugar no laboratório, mas também no ateliê. Escolhemos agenciar a floresta com a luz. Com a luz e o fotográfico complicar seu desdobrar no mundo para além do que nossa percepção de hábito entende por floresta. Dar uma nova luz à floresta. Dar a luz uma nova floresta. Uma floresta de luz que nasce com a criação de um laboratório-ateliê que acolhe sua potencia foto-sintética. Um laboratório-estufa, onde exsicatas e classificações aberrantes acontecem. Um berçário de vida de qualidades alquímicas. Uma prática de futuro, uma botânica especulativa que faz emergir espécies que rebrilham em parentescos nunca antes vistos. Uma floresta de papel que se escoando no fotográfico, contorna uma nova terra onde um tempo diferente ao da extinção aflora e uma biodiversidade alienígena faz continuar a vida.


Title: Forest of light: speculative botany laboratory (Fractospheres Project)

Concepção e organização/ Conception and organization: Susana Dias e Sebastian Wiedemann

Participação especial/ Special participation: Marli Wunder e Alessandra Penha

Uma produção coletiva de/ The collective production of: Adriana Villar Potiens, Alessandra Penha, Beatriz Guimarães de Carvalho, Glauco Roberto da Silva, Lisley de Cássia Silvério-Villar, Lucas de Oliveira Loconte, Marcelo Carlos de Souza Soares, Maria Luiza Almeida, Mário D. Castro Júnior, Marli Wunder, Natália Matui, Ricardo Lima, Sara Melo, Sebastian Wiedemann, Susana Dias, Tatiana Plens, Vinícius Brito

Disciplina/Course: Arte, ciência e tecnologias/ Art, science and technology (Labjor/IEL/Unicamp) – professores Susana Dias e Sebastian Wiedemann (artista convidado).

 


Fractosferas: Partimos de uma hipótese: o Antropoceno nos impõe a necessidade de re-avivar nossa percepção e com isso apreender o fato que o mundo esta todo vivo e que não há uma pele que nos distancie dele (Thacker). O mundo como uma dobra infinita que complica a matéria do cosmos, e que pode passar, por exemplo, entre nuvens, arvores e pedras, criando esferas de coexistência e entre-viver. Fractosferas que abrem novas organizações entre escalas e possibilidades de coabitar o mundo. Um mundo onde o animismo deve ser reativado (Stengers) e o conhecimento deve ocorrer desde dentro (Ingold), como co-criação inter-espéciee que acontece com, entre e através das coisas e seres e não sobre ou a partir de. Acreditamos que um pensamento material e manual com, entre e através das nuvens, árvores e pedras onde o humano se desdobra através do sensível e expressivo sobre o papel, o fotográfico e o audiovisual, podem ser o modo de não só re-avivar a comunicação com o mundo, mas também de desarquivar o vivente que a matéria guarda para que possa continuar de maneira impensada em novos modos de existência (Souriau). Fractosferas uma série de experimentações coletivas como modos de fabulação especulativa entre artes, ciências e filosofias que apelam à criação de um possível conhecimento terrano (Latour). Workshops, oficinas, onde uma cosmopolitica do sensível e um estar junto se inventam ao fazer corpo com um pensamento que já não é mais pratico ou teórico e sim matéria vibrante (Bennett) de vida por vir e que pode emergir na forma de livros-objetos (com as nuvens), foto-livros (com as árvores) e animações (com as pedras).

 


Concepção, organização e coordenação “Projeto “Fractosferas”

Susana Dias e Sebastian Wiedemann

Grupo multiTÃO e Orssarara Ateliê

 

Projetos: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC) – (Chamada MCTI/CNPq/Capes/FAPs nº 16/2014/Processo Fapesp: 2014/50848-9); Mudanças climáticas em experimentos interativos: comunicação e cultura científica (CNPq No. 458257/2013-3); Sub-projeto “Sub-rede Divulgação científica” da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (convênio Finep/ Rede Clima 01.13.0353-00);