Pesquisas buscam entender as relações entre o ciclo da água e as alterações climáticas

Compreensão é essencial para gerir o abastecimento de cidades e biomas

Entender o ciclo da água é crucial para quantificar a oferta ou déficit hídricos, bem como para fazer previsões de abastecimento de água e entender melhor as crises em épocas de seca e de estresse hídrico. Como o clima é um fator definidor do ciclo hidrológico, o entendimento de um não pode ser dissociado do outro.

Assim, uma das principais ênfases da sub-rede Recursos Hídricos, da Rede Clima, atualmente, é trabalhar a dimensão hidrológica num projeto de pesquisa, de toda a Rede, que busca integrar a segurança hídrica com a segurança energética e a alimentar. “O projeto se utiliza da nossa faceta mais importante, que é entender o ciclo da água”, diz Carlos Galvão, coordenador da sub-rede e professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

As pesquisas, que envolvem segurança hídrica, têm o propósito de compreender problemas de abastecimento de água no Sudeste, Semiárido e outras regiões do país. O trabalho da sub-rede também inclui compreender a relação entre regime hidrológico e biodiversidade: segundo Galvão, “ainda não entendemos como o regime hidrológico determina a biodiversidade nos biomas brasileiros”. Entender a degradação ambiental e a desertificação é outra frente: “a pesquisa gira em torno da susceptibilidade dos biomas à desertificação, com foco nas dimensões socioeconômicas, particularmente no Semiárido e no Cerrado”, conta o coordenador.

Prever cheias e enxurradas em rios de resposta rápida e desmoronamentos de encostas também está na agenda, bem como a compreensão da intersecção entre processos hidrológicos e climáticos nos biomas brasileiros: “a ideia é gerar entendimento a partir de mudanças do clima e do uso do solo”, diz Galvão. Por fim, ajudar a pensar em um sistema de gerenciamento de recursos hídricos com vistas a gerar um fortalecimento político-institucional também é um foco importante da sub-rede.

“Por onde o rio corre”, de Guga Ferraz, 2015. A intervenção urbana fez parte das ações do evento Aparições, em maio de 2015 no MIS-Campinas. Veja esta notícia também no link: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/?p=1900

Por onde o rio corre, de Guga Ferraz, 2015. A intervenção urbana fez parte das ações da exposição Aparições realizada no MIS-Campinas em maio de 2015. Veja esta notícia também no link: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/?p=1900

Com tantas frentes diferentes em relevância e peso, atender as demandas que partem do poder público, diz Galvão, é um dos desafios. “Precisamos entender, por exemplo, como os desmatamentos afetam a disponibilidade de água e como as secas e cheias são afetadas por fenômenos como esse”, problematiza. Para isso, os pesquisadores se utilizam de levantamentos de iniciativas, produtos, metodologias e resultados de grupos de pesquisa nacionais para o grande repositório da Rede e para uso em sua própria gestão. Eles também trabalham na ampliação da rede e no fortalecimento das relações intra-rede, a fim de “aumentar a frequência de reuniões e oficinas”. Outra parte importante do método de trabalho, conta Galvão, é a interação com outras sub-redes e entre projetos integrativos, de forma a identificar e explorar oportunidades de pesquisa conjunta. Eventos, oficinas, palestras e cursos são momentos importantes para gerar esses encontros.

[Esta matéria integra a série dedicada às pesquisas desenvolvidas pelas sub-redes da Rede Clima]