O fim da obrigatoriedade do uso de máscaras antecipa o fim da pandemia? | Beatriz Klimeck e Ralph Holzmann


Beatriz Klimeck[1]

Ralph Holzmann[2]

 

A pandemia de Covid-19 incorporou e reatualizou diversos hábitos e práticas no cotidiano da população brasileira. Elas se fundamentam em determinada imagem do vírus e presumem certas formas de contágio. A partir de nosso desconhecimento das formas de transmissão do chamado “novo” coronavírus, as principais recomendações para a proteção relacionavam-se com a higiene das mãos e superfícies, nas quais o vírus poderia se alojar. O distanciamento recomendado entre as pessoas – às vezes dois metros, às vezes dois e meio, às vezes três – buscava driblar as gotículas de saliva que sairiam da boca de uma pessoa contaminada em sua trajetória oblíqua em direção ao solo. Estes protocolos fundamentam a imagem de um vírus cuja transmissão não se dá pelo ar.

Cientistas no campo da mecânica dos fluidos, em suas muitas áreas de especialidade, contestaram os infectologistas e os protocolos mencionados, reacessando e produzindo um volumoso corpo de evidências que argumentava que a forma principal de transmissão do vírus é aérea, através de partículas aerossolizadas que podem permanecer em ambientes fechados por longos períodos de tempo (GREENHALGH et al, 2021). De oceanógrafos a engenheiros, diferentes especialistas na trajetória e permanência destas partículas ganharam projeção no cenário internacional, contestando a Organização Mundial da Saúde e os protocolos de seus países de origem.

 

(Leia o ensaio completo em PDF)

 

Recebido em: 20/11/2021

Aceito em: 10/12/2021

 

[1] Doutoranda em Saúde Coletiva no Instituto de Medicina Social da UERJ e mestranda em Divulgação Científica e Cultural no Labjor/Unicamp. E-mail: klimeckbeatriz@gmail.com

[2] Mestrando em Comunicação na UFF. E-mail: holzmannralph@gmail.com

O fim da obrigatoriedade do uso de máscaras antecipa o fim da pandemia?

RESUMO: Diante de uma ameaça invisível aos olhos, as máscaras materializam a crise sanitária e relembram a existência do vírus, da tragédia, das mortes, da ameaça. Neste ensaio, refletimos sobre como o fim da obrigatoriedade de máscaras no país, junto à reabertura de todos os espaços públicos em plena capacidade, pode marcar o fim da pandemia – e da necessidade de cuidado – antes mesmo que se haja redução significativa na transmissão.

PALAVRAS-CHAVE: Pandemia. Máscaras. Covid-19

The end of mask mandates anticipates the end of the pandemic?

ABSTRACT: When facing a threat invisible to the eyes, masks materialize the sanitary crisis and remind us of the existence of the virus, the tragedy it unleashed, the deaths it caused, it’s looming menace. In this essay, we analyze the end of mask mandates around Brazil, accompanied by the reopening of all public spaces at their full capacity, as it might mean the end of the pandemic – and the need for safety measures – before there is significative reduction in transmission levels.

KEYWORDS: Pandemic. Masks. Covid-19

 


KLIMECK, Beatriz; HOLZMANN. Ralph. O fim da obrigatoriedade do uso de máscaras antecipa o fim da pandemia?. ClimaCom – Diante dos Negacionismos [online], Campinas, ano 8, n. 21. novembro 2021. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/uso-de-mascaras/